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Além do voo: como o Governo Federal promove adaptação de recém-chegados do Líbano

Um pouco desse esforço é contado por Régis Spíndola, servidor do Ministério do Desenvolvimento Social que esteve no terceiro voo de resgate de brasileiros e familiares

Acolhida: muitos não têm família à espera e não falam português. Governo Lula insere os repatriados nas políticas públicas - Fotos: Lyon Santos/MDS

Ao chegarem ao Brasil, as famílias dos repatriados do Líbano são recebidas por equipes especializadas de diversos órgãos do Governo Federal e de instituições internacionais. Os profissionais do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e da Agência da ONU para as Migrações (OIM), ficam encarregados de captar as demandas imediatas e avaliar se as pessoas têm redes de proteção familiar ou social no Brasil.

Nesta quinta-feira (11/10), o terceiro voo da Operação Raízes do Cedro do Governo Federal desembarcou na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, com um grupo de 218 passageiros repatriados, além da tripulação que sempre conta com especialistas da área de saúde e assistência social. A bordo da aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira também estava Régis Spíndola, diretor do Departamento de Proteção Social Especial do MDS.

Régis Spíndola, diretor do Departamento de Proteção Social Especial do MDS. Foto: Lyon Santos/ MDS

Ele contou que a chegada ao Líbano foi impactante. No tempo que esteve em solo libanês, Regis não presenciou nenhum bombardeio, mas relatou que o grupo, a maioria de mulheres, crianças, idosos ou pessoas com comorbidades, estava muito traumatizado pelos bombardeios recentes. Além disso, a viagem de três dias é desgastante para todos.

“Vamos no voo para apoiar as ações de proteção a todo o grupo. Desde o Líbano, informamos às famílias como é esse processo de chegada ao Brasil e verificamos quem tem necessidade especial de proteção, para as equipes no Brasil terem as informações de maneira antecipada e providenciarem toda a retaguarda necessária para garantir essa proteção”, detalhou o diretor.

Entre as principais preocupações na triagem das necessidades das famílias feita pelos representantes do MDS estão a assistência social, abrigo e oportunidades de integração no Brasil. Um perfil dos resgatados é traçado, passando pelas questões de saúde, social e de regularização documental.

“Identificar se elas já têm algum tipo de retaguarda de proteção. Aqui no Brasil têm famílias que vão poder acolhê-las? Têm amigos ou alguém da comunidade libanesa para auxiliar? Qual a necessidade dessa família? Tem ou não uma?”, relatou Régis Spíndola.

Desafios

Regis relata que muitas famílias resgatadas possuem algum tipo de retaguarda no Brasil, seja por meio de parentes ou da comunidade libanesa. No entanto, há casos em que o apoio do governo é fundamental, incluindo a oferta de vagas em abrigos do SUAS, para garantir uma transição segura até que as pessoas possam retomar suas vidas no país.

Ele conta que as necessidades variam de acordo com a situação de cada família. Enquanto algumas chegam ao Brasil com perspectivas de emprego e domínio da língua portuguesa, outras enfrentam desafios maiores, como a barreira linguística e a falta de conexões locais. Para essas famílias, o governo planeja oferecer cursos de idioma e facilitar o acesso aos serviços públicos, como saúde, educação e programas sociais.

“Aqui no Brasil há outras formas de sobrevivência, de inclusão e mercado de trabalho, de acesso aos demais programas sociais. Então, tudo isso é realizado. Obviamente, em um primeiro momento o nosso objetivo é conhecer as demandas imediatas e garantir a proteção imediata” explicou Régis.

Integração

O apoio aos repatriados não se limita ao momento da chegada. O MDS tem trabalhado em parceria com estados e municípios para garantir que as necessidades dessas famílias sejam atendidas no longo prazo. Além do suporte imediato, como alimentação e abrigo, há um esforço contínuo para promover a integração social e econômica desses cidadãos.

Entre as ações previstas, estão a inclusão no mercado de trabalho, o acesso a cursos profissionalizantes e a regularização da documentação, com a participação de órgãos como a Polícia Federal e a OIM. Esse trabalho coordenado pelo MDS visa garantir que essas famílias possam reconstruir suas vidas no Brasil com dignidade e segurança.

“Nossa preocupação, enquanto agente das políticas de assistência social, é que as pessoas – ao chegarem em um território que algumas vezes é novo para elas – possam ser bem recebidas. A assistência social tem esse objetivo de fazer um trabalho na comunidade para que elas se sintam acolhidas”, relatou Régis, que fez a sua primeira viagem para um território em conflito.

Ele já atuava com atendimento especial, como os da Faixa de Gaza no ano passado, mas sempre em território brasileiro. “Esse trabalho é feito de uma maneira permanente pelo MDS, com o objetivo de acolher os migrantes e refugiados, para que cheguem ao solo brasileiro com segurança, dignidade e muita proteção”, concluiu o diretor.

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