A riqueza dos cinco mais ricos do mundo dobrou desde 2020, ao mesmo tempo que 60% da população mundial –cerca de 5 bilhões– ficou mais pobre. Isso é o que aponta o relatório Desigualdade S.A., divulgado nesta segunda-feira (15) pela organização internacional Oxfam.
A Oxfam monitora e contabiliza há anos o aumento da discrepância social entre ricos e pobres no mundo. A entidade divulga anualmente um relatório sobre o assunto junto com o início do Fórum Mundial Econômico de Davos, na Suíça, onde lideranças políticas e empresariais de todo mundo reúnem-se para tratar desse e outros assuntos.
De acordo com a Oxfam, em 2020, os cinco mais ricos tinham juntos 405 bilhões de dólares (quase R$ 2 trilhões). Em 2023, essa fortuna conjunta chegou a 869 bilhões de dólares (cerca de R$ 4,2 trilhões).
Se cada um dos cinco homens mais ricos gastasse um milhão de dólares por dia, eles levariam 476 anos para esgotar toda sua fortuna combinada.
Segundo a Oxfam, em 10 anos, já existirá no mundo uma pessoa que concentrará sozinha 1 trilhão de dólares (cerca de R$ 4,9 trilhões). Enquanto isso, no ritmo atual, serão necessários 230 anos para acabar com a pobreza.
“Uma imensa concentração do poder das grandes empresas e monopólios em nível global está exacerbando a desigualdade em toda a economia”, alerta a Oxfam, em seu relatório.
De acordo com a organização, sete de cada dez das maiores empresas do mundo já são controladas por bilionários. Essas empresas pressionam funcionários a trabalhar cada vez mais e o Estado a cobrar cada vez menos impostos sobre suas atividades. Assim, “estão impulsionando a desigualdade e agindo a serviço da entrega de cada vez mais patrimônio a seus donos, já ricos”.
“Para acabar com a desigualdade extrema, os governos terão que redistribuir de forma radical o poder dos bilionários e das grandes empresas às pessoas comuns”, recomenda a Oxfam. “Um mundo mais igualitário é possível se os governos regularem e repensarem o setor privado.”
Caos climático
A Oxfam destaca ainda como a desigualdade contribui para as mudanças climáticas. Segundo ela, o 1% mais rico do mundo emite tanta poluição de carbono que os dois terços mais pobres da humanidade.
“Muitos dos bilionários do mundo possuem, controlam, definem e lucram financeiramente com processos que emitem gases de efeito de estufa e, portanto, são beneficiados quando as empresas procuram bloquear os avanços a uma transição rápida e justa, negam e distorcem a verdade sobre as mudanças climáticas, e destroem quem se opõe à extração de combustíveis fósseis”, informa a entidade.