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Covid-19: mundo passa de 1 milhão de mortos e 15% são do Brasil.

Pandemia segue letal no Brasil, enquanto autoridades fecham os olhos. “Ainda não estamos fora de perigo”, reforça a OMS

Por Gabriel Valery, da RBA

O Brasil registrou 863 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas. Com o acréscimo, as vítimas da doença provocada pelo novo coronavírus no Brasil já são 142.921 desde o início do surto, em março. Os números foram divulgados ontem (29) pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Já o número de novos casos contabilizado foi 32.058. Acumulados, são 4.777.522 casos de covid-19 no Brasil desde fevereiro. Isso, sem contar com a ampla subnotificação, que persiste em diferentes países. Entretanto, o Brasil é um dos membros da comunidade internacional que menos testa; menos de 9% de sua população já passou por algum tipo de procedimento.

Com problemas em sua página, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou os números de hoje em seu perfil o Twitter.

Embora a falta de testes seja um problema generalizado no país, existem bons exemplos, mas como exceção. A cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, conseguiu êxito com sua política sanitária, reconhecida por órgãos internacionais. O município testa o dobro da média nacional por meio de ações conjuntas com universidades e tem 1% de letalidade, menos de 30% do registrado na média pelo restante do país.

1 milhão e contando

Essa semana o mundo bateu a marca de mais de 1 milhão de mortos pela covid-19, enquanto os casos se aproximam de 34 milhões. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta de que a pandemia segue letal, e que afrouxar as medidas de segurança, como isolamento social, pode levar a um maior avanço nas mortes.

O alerta da OMS fala em 2 milhões de mortos pelo novo coronavírus até que uma vacina seja amplamente distribuída. “A menos que façamos uma ação conjunta, qualquer número que você diga não é apenas imaginável, mas infelizmente muito provável”, disse o chefe do Programa de Emergências da OMS, Mike Ryan.

Ryan lembrou do avanço da covid-19 na Europa, que vive um impacto ainda inicial de uma grande segunda onda de contaminações, além de países que sequer deixaram o topo de suas curvas epidemiológicas. “Ainda não estamos fora de perigo em lugar nenhum, não estamos fora de perigo na África”, disse.

Sem precedentes

A pandemia de covid-19 é a maior crise sanitária da história da humanidade em mais de 100 anos. Em pouco mais de seis meses de declaração oficial de pandemia, o rastro de mortes e de colapso econômico se mostra sem precedentes na história. “Um milhão de vidas foram perdidas e muitas mais sofrem em razão da pandemia”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em artigo publicado no periódico inglês The Independent.

“Enquanto esperamos por pandemias futuras, vemos que um vírus pode ser contido efetivamente com a aplicação massiva de testes e medidas de saúde pública”, disse Tedros Adhanom.

Adhanom voltou a insistir que a comunidade internacional precisa de coordenação e precisa ouvir a ciência. Muitas mortes poderiam ser evitadas caso governos não agissem em desacordo com a comunidade médica. Um exemplo é o Brasil. O presidente, Jair Bolsonaro, desde o início do surto, atacou as melhores práticas para conter o vírus, como o isolamento social.

Bons exemplos

Sem citar os piores exemplos, Tedros prossegue em seu texto ao constatar que “as Américas foram, de longe, os países mais atingidos”. Entretanto, não faltam atitudes responsáveis que levaram ao controle do vírus. “O Uruguai tem o menor número de mortes no continente e isso não é por acidente. Eles possuem um sistema de saúde robusto e sustentável baseado em financiamentos públicos e no consenso da população sobre a importância dos investimentos na área.”

O Uruguai teve pouco mais de 2 mil casos e 47 mortes. O sucesso foi a aposta do país em seguir as melhores práticas, como testar em massa sua população e rastrear casos (algo nunca feito no Brasil). “Há outros exemplos bons, como Tailândia, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Senegal, Vietnam e outros. Muitos aprenderam observando pandemias anteriores (…) prevenção é a chave”, disse Adhanom.

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