De 15 a 18 de junho, o Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte, será palco da 3ª Mostra Cinema dos Quilombos, um festival que reúne filmes de diversas regiões do Brasil. A seleção é composta por obras realizadas por quilombolas e aliados nas lutas, trazendo para as telas a cultura rural e urbana dos remanescentes de quilombos, que resistiram à escravidão e seguem organizados para manter seus territórios e tradições. O evento conta com o apoio cultural da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura, e patrocínio do Fundo Estadual de Cultura do Governo de Minas Gerais.
A programação é composta por duas sessões diárias, às 16h30 e às 19h, algumas delas seguidas de conversas com diretores, membros da equipe, curadoras e pesquisadores. Além disso, a mostra traz um chamado para envio de trabalhos para o livro “Cinema Quilombola – Territorialidades e territórios ancestrais”. A publicação está sendo organizada por Edileuza Souza e reunirá artigos, resenhas, ensaios, entrevistas, poemas e demais textos acadêmicos, livres e literários que dialoguem diretamente com a produção audiovisual que vem sendo produzida nas mais de seis mil comunidades quilombolas no Brasil. Os autores podem se inscrever até 30 de junho no site www.cinemadosquilombos.com.br, onde estão mais informações.
No dia 17 de junho, às 16h30, acontecerá a sessão infantil “A luz dos olhos de erê”, composta pela animação Maria Felipa (a heroína da pátria), de Fernanda Santana e Marta Silva, e pelos documentários Olhos de Erê, de Luan Manzo, e Vamos em Batalha, dirigido por moradores das Comunidades Quilombolas de Cacimbinha e Boa Esperança, no Espírito Santo. Clic aqui para conhecer a programação completa.
A curadoria desta edição da mostra ficou a cargo de Alessandra Brito, Florisbela Santos e Maya Quilolo, e a coordenação é de Cardes Monção Amâncio. “Assistir ao cinema quilombola é uma possibilidade de mergulhar na história viva de nosso país e conhecer realidades diversas, muitas vezes inacessíveis por outros meios”, destaca Cardes.
O cinema feito nos quilombos é de extrema importância para as comunidades e para o mundo. “As comunidades quilombolas são invisíveis para a maior parte da sociedade e do poder público. Vivem em luta constante para ter acesso aos seus direitos. Com o cinema, é possível mostrar à sociedade nossa realidade. É preciso aproveitar os avanços tecnológicos que hoje estão disponíveis nos quilombos, como internet e celulares, e produzir audiovisual, mesmo que não seja feito com os equipamentos mais avançados. Assim, as pessoas veem que as comunidades quilombolas existem e resistem”, enfatiza Edson Quilombola, morador do Quilombo dos Marques e que já participou de oficinas do projeto.
Para a curadora Alessandra Brito, esta terceira mostra, que será a primeira edição presencial, será bastante especial. “Estou muito alegre em ver esses filmes no cinema junto do público e dos realizadores e também com as sessões que serão feitas nos territórios”, destaca a pesquisadora. “Penso que esses filmes são importantes demais para pensarmos muitas questões que são decisivas a exemplo da luta pela terra empreendida pelos povos de quilombo, que é também uma luta pelo direito a seus modos de vida em comunidade”, completa.