O escritório do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comunicou no último domingo (2) a suspensão da entrada de ajuda humanitária em Gaza devido à recusa do Hamas em aceitar a extensão da primeira fase do cessar-fogo, que expirou no sábado (1).
De acordo com Israel, o plano elaborado pelo enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, propunha a libertação contínua dos prisioneiros israelenses capturados em 7 de outubro de 2023 pelo Hamas, sem a retirada das tropas israelenses do território.
O governo israelense havia afirmado anteriormente que as Forças de Defesa de Israel não deixariam o Corredor Filadélfia, por onde a maior parte da ajuda humanitária entra em Gaza. Desde o início do cessar-fogo, aproximadamente 600 caminhões transportavam diariamente alimentos, água, medicamentos e combustível para Gaza.
Com o acordo em vigor desde 19 de janeiro, a segunda fase previa a libertação dos 59 reféns ainda em cativeiro pelo Hamas (muitos dos quais acredita-se que já tenham falecido) e a retirada das tropas israelenses do território palestino. No entanto, Netanyahu busca agora uma maneira de não cumprir essa etapa do acordo.
Em comunicado divulgado no domingo, o gabinete do primeiro-ministro afirmou que, diante da recusa do Hamas em aceitar o rascunho de Witkoff para continuar as negociações, toda entrada de bens e suprimentos para Gaza será interrompida. O Hamas, por sua vez, classificou a decisão de Israel como chantagem, crime de guerra e violação do acordo de cessar-fogo.
Enquanto isso, a extrema direita israelense expressou o desejo de acabar com o cessar-fogo. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, em uma postagem, elogiou a suspensão da ajuda humanitária a Gaza como um passo importante.
Ele mencionou a ameaça de Donald Trump de “abrir os portões do inferno” em Gaza caso os prisioneiros israelenses não fossem libertados, e declarou a necessidade de agir rapidamente e de forma letal contra o inimigo.
Até o momento, tanto Israel quanto o Hamas não anunciaram oficialmente o fim do cessar-fogo, mas o Ministério da Saúde de Gaza reportou quatro mortes e cinco feridos em ataques de drones israelenses no domingo.