Neste domingo, o evento promove uma cavalhada entre as tricentenárias Ouro Preto e Mariana, finalizando com um banquete de comida típica
O Festival de Inverno de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade está chegando ao fim e, para marcar o encerramento a 52ª edição, o evento realiza o Cortejo dos Tropeiros da Serra de Ouro Preto no domingo (21). Trata-se de uma grande cavalhada destacando o tema deste ano: “Diálogos com os sertões das Gerais”, que tem o objetivo de provocar diálogos com os sertões das Gerais e evidenciar o modo de vida tropeiro e sertanejo.
A concentração da cavalhada está marcada para o Espaço Cultural Cores, Flores e Sabores (Bar da Nida), no Morro São Sebastião, em Ouro Preto, às 9h, com destino à vizinha Mariana. Do Morro São Sebastião, os tropeiros seguem pela Praça Tiradentes, passando pelo bairro Lages, pelo distrito Passagem de Mariana até a BR-356. Já em Mariana, adentram a cidade pela avenida Nossa Senhora do Carmo, indo para a rua do Catete, rua Salvador Furtado, parando na Praça da Sé para alimentação dos cavalos, finalizando na Praça Gomes Freire, onde será servido um banquete público de comidas típicas na Praça Gomes Freire (Jardim), às 12h.
Durante toda a tarde, a praça marianense carinhosamente chamada de Jardim se torna palco para diversos eventos públicos e gratuitos voltados para moradores e turistas promovidos no Festival da Terra, que integra a programação oficial do Festival de Inverno. Entre as atrações, estão: apresentação de Congado e Folia de Reis, batalha de MCs, apresentação de dança de rua, feira gastronômica e de artesanato. O banquete de comida típica feito pelos alunos do curso de Gastronomia do Instituto Federal de Minas Gerais – campus Ouro Preto, com alimentos cultivados por agricultores locais por meio da agricultura familiar, sem agrotóxicos e conservantes.
Tropeiros
Pensando na grande importância da tradição tropeira para a construção da identidade da Região dos Inconfidentes, o Festival de Inverno traz para sua programação a presença dos Tropeiros da Serra de Ouro Preto. No século XVIII e XIX, os tropeiros tiveram um papel essencial na criação de povoados e vilas em Minas Gerais. Na antiga Vila Rica (atual Ouro Preto), eles eram encarregados pelo comércio ambulante da localidade, fazendo a ponte entre os morros e bairros do centro com o transporte de alimentos que eram cultivados em roças e quintais dos distritos localizados na região. O abastecimento dos mercados locais acontecia regularmente e continham ovos, batatas e hortaliças, todos trazidos pelos tropeiros. Além disso, eles transportavam lenha para acender fogões nas residências.
Festival da Terra
O evento faz parte de programa de extensão da Universidade Federal de Ouro Preto e, normalmente, é realizado nas áreas rurais de Ouro Preto e Mariana. Visa a atuar na emancipação socioeconômica das comunidades envolvidas no projeto por meio da aproximação com os afazeres da agroecologia e das práticas socioculturais. Conta com o apoio do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA/Inconfidentes) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
Segundo um dos organizadores da iniciativa, o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFOP Maurício Leonard, o evento contribui para o fomento à diversidade econômica da cidade. “No Festival da Terra, promovemos a agricultura familiar. Nesse momento, aqui na região, muitas pessoas ligadas ao desenvolvimento econômico estão pensando em diversificá-la. Pensando para além da exploração mineral, que é muito predatória e deixou a economia muito dependente”. O evento propõe, portanto, novos meios de captação de recursos econômicos para a região ao mesmo tempo em que traz cultura e arte para perto da população.
