O ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou que o conteúdo das conversas encontradas com os supostos “hackers” presos pela Polícia Federal, terá de ser destruído.
“As mensagens serão destruídas, não tem outra saída. Foi isso que me disse o ministro (Moro) e é isso que tem de ocorrer”, disse ontem (25) o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio Noronha, ao jornal Folha de São Paulo, quando foi procurado pelo veículo depois de Moro ter-lhe telefonado para comunicar que ele estava na lista das vítimas.
A Folha é um dos veículos que compartilha com o Intercept a publicação de revelações de que Moro manteve contatos e deu orientações aos procuradores do Ministério Público, sobre ações ou investigações da Lava-jato, o que a legislação impede.
O jornal reforçou ontem, em nota, ter analisado o material recebido anonimamente pelo site de Glenn Grenwald e novamente atestou sua autenticidade.
Munição ao adversário
“A informação sobre a intenção do ministro da Justiça de destruir as “provas” que seus comandados apreenderam com o suposto “hacker”, se confirmada, é mais um indício de que os objetivos políticos de Sergio Moro prevalecem sobre normas legais e regras básicas do funcionamento do sistema de Justiça. Moro, que não é mais juiz, sabe de ofício que, na condição de comandante da PF, que conduz investigações, não deveria ter sequer comunicado ao presidente do STJ a menção ao seu nome no conteúdo das conversas. Talvez o tenha feito com a intenção de que aquela Corte autorize a destruição do conteúdo”, afirmou a direção nacional do PT, também através de nota,.
A direção partidária reproduziu afirmação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello à Folha, de que “cabe ao Judiciário decidir isso, e não à Polícia Federal”. Segundo a nota do PT, “provas servem para ratificar uma acusação e punir um criminoso. Se o ministro acusa o Intercept de lidar com material criminoso e supostamente adulterado, por que destruir o material? ”, indaga.
DEM expulsa filiado
O diretório nacional do DEM decidiu expulsar Walter Delgatti Neto do partido. Suspeito de invadir telefones celulares, incluindo os aparelhos de autoridades públicas como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o filiado ao partido Democratas foi detido em caráter temporário nesta terça-feira (23), no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal .
Admitindo a tese de que o filiado está envolvido com o ataque hacker a celulares de autoridades”, o partido defende que a Justiça esclareça os fatos “e que os envolvidos no processo criminoso sejam punidos de forma efetiva e com todo o rigor”.
Walter era filiado ao diretório de Araraquara, no interior de São Paulo, onde reside.
Fotos: Lula Marques/PT notícias/yahoo notícias.