Investigação sobre ex-ministro da Educação é enviada ao STF e está com ministra Cármen Lúcia

Defesa do ex-ministro declarou que recebeu com surpresa a decisão e que não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela Polícia Federal

Milton Ribeiro teve seu nome envolvido em denúncia de esquema de corrupção e tráfico de influências durante sua gestão no Ministério da Educação.
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O juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, decidiu enviar a investigação da Operação Acesso Pago para o Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com decisão proferida ontem (23) pelo magistrado, há a presença de “ocupante de cargo com prerrogativa de foro” e o caso não poderá continuar na primeira instância da Justiça.

Com a decisão, a ministra Cármen Lúcia deverá analisar se a investigação prosseguirá no Supremo ou haverá o fatiamento do inquérito entre a Corte e a vara federal.

Antes de chegar à primeira instância, a investigação começou a tramitar no Supremo, mas foi enviada ao juiz Borelli após o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro deixar o cargo.

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A operação foi deflagrada na quarta-feira (22) para apurar o suposto trafico de influência e corrupção na liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

A magistrada era a relatora do inquérito sobre a atuação do ex-ministro Milton Ribeiro e de pastores. Depois que Milton pediu demissão, ela mandou o caso para a 1ª Instância

Na operação, além de Milton Ribeiro, foram presos os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos e mais dois suspeitos. Ontem, todos foram soltos por determinação do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que concedeu um habeas corpus a pedido da defesa.

Defesa
Em nota, a defesa de Milton Ribeiro declarou que recebeu com surpresa a decisão que enviou a investigação para o STF e afirmou que a medida poderá tornar as decisões da investigação nulas.

“O advogado Daniel Bialski, que patrocina a defesa do ex-ministro Milton Ribeiro, esclarece que recebeu com surpresa a decisão judicial de remessa dos autos da investigação contra seu cliente novamente para o Supremo Tribunal Federal.

Observando o áudio citado na decisão, causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva.

A defesa ainda analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, se lhe for franqueada vista da íntegra da documentação. Todavia, se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos por absoluta incompetência e somente reforça a avaliação de que estamos diante de ativismo judicial e, quiçá, abuso de autoridade, o que precisará também ser objeto de acurada análise”, diz o comunicado.

Entenda


Operação investiga a responsabilidade do ex-titular da pasta no caso do gabinete paralelo, no qual religiosos intermediariam a liberação de recursos e influenciariam ações do ministério da Educação.
Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também foram alvos.
O mandado de prisão preventiva contra Ribeiro foi expedido por ordem do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal.
Investiga-se supostos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência, em função de um suposto balcão de negócios envolvendo a liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para prefeituras.
Áudio
Nesta sexta-feira (24), um áudio foi publicado e nele está uma conversa do ex-ministro e sua filha, no qual ele afirma que recebeu um telefonema de Bolsonaro, no qual o presidente dizia que estava com um pressentimento de que algo poderia acontecer, como um pedido de buscas e apreensão na residência de Milton Ribeiro.
“A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?”, disse Ribeiro para a filha.
Em outro trecho: “Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?”, afirmou o ministro.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebon/Abr e Isac Nobre/PR

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