Universidade Federal de Minas Gerais é contra o fechamento do Aeroporto Carlos Prates

Aeroporto está próximo de ser desativado, mas processo divide opiniões.

Ao longo de 80 anos, aeroporto Carlos Prates foi importante para o desenvolvimento tecnológico, educacional e econômico de Minas Gerais, diz manifesto.
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Um manifesto sugerindo uma melhor e mais aprofundada discussão entre os poderes públicos, universidade, usuários e população sobre o encerramento das atividades do aeroporto, foi divulgado pelo professor da UFMG, Ricardo Poley Martins Ferreira.

Nele, afirma-se que a Universidade é “absolutamente” contrária à ideia de fechar o aeroporto Carlos Prates.
Segundo o manifesto, em 80 anos de atividades, o aeroporto desempenhou papel fundamental no desenvolvimento tecnológico, educacional e econômico mineiro.

Confira:

“A quem possa interessar,
Manifesto pela Pesquisa e o Desenvolvimento
Toda vez que o apoio à pesquisa, ao desenvolvimento, à inovação tecnológica e aos avanços do conhecimento for tolhido ou negado de forma unilateral e sem diálogo a academia se colocará fortemente do lado contrário, do lado da resistência, do lado do acesso da população ao conhecimento.
Por isso a Universidade Federal de Minas Gerais é absolutamente contrária à ideia de fechar o Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte.
Há 80 anos o aeroporto tem desempenhado papel vital no desenvolvimento tecnológico e educacional, além do desenvolvimento econômico de Minas Gerais e do Brasil.
O Aeroporto Carlos Prates é a casa de várias escolas de aviação, onde cerca de mil aviadores são formados todos os anos. Mais de 85 mil pilotos se formaram naquele lugar ao longo de sua história.
É também o principal laboratório prático da escola de engenharia aeroespacial da Universidade Federal de Minas Gerais. Através do aeroporto, a UFMG pode oferecer aos seus alunos, uma maior proximidade com o mercado aeronáutico e com a vivência da aviação.
O Aeroporto Carlos Prates é também uma grande oportunidade de geração de empregos. A presença de escolas de aviação, empresas de manutenção de aeronaves e outras atividades relacionadas ao setor cria uma demanda significativa por trabalhadores qualificados.
Como resultado, a economia local se beneficia significativamente, com a criação de empregos e o desenvolvimento de habilidades em nossa comunidade.
Belo Horizonte é a quarta cidade no Brasil em número de movimentos de aeronaves, considerando a aviação comercial, geral e executiva.

O Aeroporto Carlos Prates é o segundo aeroporto mais movimentado de Minas Gerais e atualmente é o 23° do país.

Lá funcionam 17 diferentes companhias, entre elas está a maior certificadora aeronáutica do Brasil, duas oficinas de manutenção de aeronaves, 22 hangares de apoio aeronáutico e os Escoteiros do Ar.

Suas cinco escolas de formação de aeronautas compõem o segundo maior polo de formação de pilotos do Brasil, além de abrigar também o Aeroclube do Estado de Minas Gerais.

A maior e mais moderna empresa de manutenção de helicópteros de Minas Gerais, que mantém saudáveis e prontas para servir a população todas as aeronaves do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil, além de aeronaves públicas de transporte de órgãos e vacinas, também funciona nas dependências do Aeroporto Carlos Prates.

Mas não é apenas isso que pode acabar da noite para o dia sem uma discussão séria e consistente.

Toda essa movimentação gera emprego e renda e todas essas atividades somadas geram mais de 500 postos de trabalho direto, o que impacta diretamente na economia da cidade e do estado.

Voar e fazer voar é um dos maiores sonhos da humanidade. O acesso à pesquisa e ao conhecimento sempre foi aliado desse sonho, cujas asas não podem ser cortadas em pleno voo sem ao menos ouvir quem dele depende, que é, no mínimo, toda a população mineira.

Por isso convidamos para um debate franco e objetivo sobre o assunto todos os interessados: governos federal, estadual e municipal, universidades, população de Belo Horizonte e todos os que defendem o acesso ao conhecimento, à pesquisa, desenvolvimento e educação.

Afinal, a decisão sobre o futuro desse esse patrimônio histórico e cultural com mais de oito décadas de serviços prestados merece ser tomada em um pouco mais de tempo. Vamos debater?

Complementando o manifesto cabe ressaltar que a tecnologia se encontra em um ponto de inflexão com o desenvolvimento de novos tipos de veículos EVTOL (Veículos de decolagem vertical – “carro voador”) e com o desenvolvimento de ferramentas de entrega por drones.

O aeroporto Carlo Prates seria um recurso extremamente valioso para a cidade de Belo Horizonte, um verdadeiro diferencial competitivo. Com a perda do aeroporto a cidade perderá essas possibilidades.

Outra reflexão, acontecem anualmente mais de 5000 acidentes de trânsito em Belo Horizonte, sendo que destes mais de 1000 acidentes com vítimas com graus de lesão fatal ou grave e nem por isso é proibido construir nas ruas, ou as vias são bloqueadas.

Por outro, lado a aviação trabalha diuturnamente no sentido de reduzir continuamente os riscos sendo o mais seguro meio de transporte existente”.
Assinado:
Ricardo Poley Martins Ferreira, coordenador do Curso de Engenharia Aeroespacial- UFMG

Foto: CMBH/UFMG/Infraero

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