O meio-campista Damián Bobadilla, do São Paulo Futebol Clube, tornou-se o centro de uma grave controvérsia após ser acusado de xenofobia pelo lateral Miguel Navarro, do Talleres, da Argentina. O incidente ocorreu nos minutos finais da partida entre as duas equipes pela fase de grupos da Copa Libertadores, realizada no estádio MorumBis, em São Paulo.
De acordo com Navarro, Bobadilla teria proferido a frase “venezuelano morto de fome”, o que abalou emocionalmente o jogador do Talleres. Navarro chorou ainda em campo e, após a partida, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), em São Paulo. A denúncia já está sob investigação policial.
Diante da acusação, Bobadilla se manifestou por meio de suas redes sociais, reconhecendo que se excedeu durante a discussão, mas sem confirmar o conteúdo específico da ofensa. “Depois do nosso segundo gol, tive algumas trocas verbais com um jogador do Talleres e fui ofendido primeiro. Reagi mal. Nunca tive a intenção de discriminar ninguém, mas, no calor do jogo, perdi o controle. Peço desculpas publicamente”, afirmou o atleta. Ele ainda expressou desejo de se retratar pessoalmente com Navarro, caso seja possível.
Miguel Navarro também utilizou as redes sociais para desabafar sobre o ocorrido. Comovido, o jogador declarou: “Nunca me envergonharei das minhas raízes. Vou até as últimas consequências contra o ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil”. Em tom de indignação, completou: “Queria eu ter, em minhas mãos, a solução para a fome que vive meu país. Não creio que possa fazer muito contra a pobreza mental”.
O episódio gerou grande repercussão nas redes sociais e no meio esportivo. O clube argentino Talleres divulgou uma nota oficial em apoio ao seu jogador e condenando veementemente qualquer tipo de discriminação. “Nos manifestamos contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para ódio no futebol”, destacou o comunicado.
O São Paulo, por sua vez, ainda não se posicionou oficialmente sobre o caso, apesar dos pedidos da imprensa. Segundo a Polícia Civil, Bobadilla ainda não compareceu à delegacia para prestar esclarecimentos.
O caso acende um alerta sobre a necessidade de combater atos de intolerância dentro e fora de campo, reforçando o papel do esporte como espaço de respeito, inclusão e diversidade. Enquanto as investigações seguem, o episódio já entra para a lista de tristes momentos em que o futebol foi manchado por atitudes discriminatórias.