Artista autista abre sua primeira exposição individual na FAOP

Artista autista abre sua primeira exposição individual na FAOP
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“O que pode um corpo?” É com esta provocação que o artista plástico Caio Mateus intitula sua primeira exposição individual que será aberta ao público nesta sexta-feira, dia 19 de janeiro, às 17h, na Galeria de Arte Nello Nuno, na Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP).  A exposição é composta por 8 pinturas e 7 desenhos que foram inspirados em fotografias sobre a formação embrionária inesperada e em anomalias de órgãos humanos. O intuito é provocar a reflexão sobre as possibilidades do corpo nas artes visuais.

Natural de Divinópolis, Caio Mateus foi diagnosticado com autismo aos 26 anos e atualmente mora em Ouro Preto, no bairro Pilar.  “Tinha dificuldade de me expressar com palavras. O desenho é uma forma de comunicação que me deixa à vontade, me faz bem. O processo de fazer arte é constante. Não existe uma resposta. É sempre uma pergunta. Quando questiono o que pode um corpo, também é um corpo autista com minhas limitações. A gente precisa repensar várias questões para incluir o outro na vida”, argumenta Caio.

Para o artista plástico e professor Nilton Bueno, graduado em pintura pela Universidade de São Paulo, a obra de Caio Mateus tem um aspecto pessoal muito forte. “Ele está num caminho incrível porque construiu um repertório próprio. É preciso ter muita coragem para fazer isso. Caio traz elementos das experiências vividas, ele tem ousadia nas escolhas desses temas, das angústias, das inquietações do corpo, da carne, das deformações”, analisa Bueno.

De acordo com o professor de Artes Cênicas da UFOP Éden Peretta, o trabalho de Caio Mateus traz uma perspectiva potente que busca a desconstrução de um corpo que vai além de um padrão de humanidade. “A obra dele não está no entendimento discursivo. O trabalho do Caio nos leva a esse lugar de desestabilização da corporeidade a partir de um plano sensível e estético. Isso tem muita consonância com as pesquisas que realizamos na universidade. Fico muito feliz por ele ter chegado a esse nível de elaboração e maturidade. Estou curioso para ver a exposição”, relata Éden que é coordenador do coletivo Anticorpos.  

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