Atingidos por rompimento cobram participação em novo acordo de Mariana

Durante audiência na ALMG

Mesa de repactuação recebeu críticas em audiência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG que lotou o auditório José de Alencar nesta quinta-feira (5/9).
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A principal reivindicação das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão ocorrido em Mariana em 2015 e que impactou toda a Bacia do Rio Doce, é participar da definição dos rumos da reparação.

Elas lotaram o Auditório José Alencar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para participar, nesta quinta-feira (5/9), de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Um novo acordo de reparação vem sendo discutido por uma mesa de repactuação.

Ela é composta pelo governo federal, pelos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, pelas defensorias públicas e ministérios públicos dos dois estados, pelo Ministério Público Federal e pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP.

“Por que não tem nenhum atingido sentado na mesa de repactuação?” indagou Mônica dos Santos, representante da comissão de atingidos da comunidade de Bento Rodrigues.

Mônica dos Santos, da Comissão dos Atingidos de Bento Rodrigues, durante audiência na Assembleia de Minas Gerais


A preocupação foi reiterada por Vanilda Souza, atingida pelo rompimento e moradora do Município de Rio Doce (Zona da Mata).

“Já temos lei aprovada que diz como deve ser a participação nesses acordos, em comitê paritário”, afirmou, referindo-se à Lei Federal 14.755, de 2023, que instituiu a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens.

Segundo os participantes da audiência, além da política nacional, o acordo em discussão violaria também a Lei 23.291/19, aprovada pela ALMG e conhecida como “Lei Mar de Lama Nunca Mais”.

A norma estabeleceu a Política Estadual de Segurança de Barragens e apresenta diretrizes para resolução desse tipo de desastre.

Kelli Mafort é secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República, que compõe a mesa de repactuação.

Ela afirmou que o governo federal já manifestou sua vontade de envolver as pessoas atingidas, mas não obteve resposta da coordenação da referida mesa.

“É fundamental para nós a participação dos atingidos na repactuação. Não temos nenhuma pretensão de representá-los”, disse Kelli Mafort, Secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República


Falta de conhecimento sobre os territórios perpetuaria violências


Para a deputada Beatriz Cerqueira (PT), autora do requerimento para a audiência, uma das violências pelas quais passam os atingidos diz respeito ao fato de que muitos atuantes na repactuação nunca foram nos territórios afetados e, portanto, não conhecem a realidade desses locais.

“Minas Gerais parece que não aprende com suas lições. As vidas das pessoas sendo violadas há anos e o que a gente vê no Estado é uma abertura ainda maior para a mineração”, afirmou.

A parlamentar lembrou também que a reunião ocorre no Dia da Amazônia, celebrado neste 5 de setembro, que motivou uma campanha do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) com o lema “Salve a Amazônia, somos todos atingidos!”.

Valores previstos são insuficientes


De acordo com Joceli Andrioli, membro da coordenação do MAB, seriam necessários R$ 700 bilhões para garantir a reparação de toda a Bacia do Rio Doce, enquanto o valor previsto no novo acordo é de R$ 100 bilhões.

“Somente o valor do auxílio emergencial às vítimas seria em torno de R$ 180 bilhões, se fossem reconhecidos todos os atingidos”, apontou.

Defensoria Pública busca ampliar reparação


O defensor público e coordenador do Núcleo Estratégico de Proteção aos Vulneráveis em Situação de Crise, Antônio Lopes, enfatizou que a Defensoria Pública preza por estar presente e por escutar a voz dos atingidos.

Nesse sentido, ele contou que o órgão busca encaminhar as pretensões gerais dos atingidos nesse processo, embora não consiga atuar em questões mais específicas.

O defensor público Bráulio Araújo corroborou a fala anterior.

Ele ainda ressaltou que a Defensoria tem noção da insuficiência das ações de reparação e que, nesse sentido, busca ampliá-las com base nas demandas dos atingidos.
Foto: Alexandre Netto/Almg

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