Baixa adesão e críticas à Vale marcam segundo simulado em Barão de Cocais

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Com participação de menos de 30% do previsto inicialmente pela Defesa Civil, cerca de 1700 moradores de Barão de Cocais estiveram presentes no segundo simulado de evacuação no período de 2 meses. Em março, cerca de 3500 pessoas se envolveram no primeiro simulado.

A ação realizada neste sábado é decorrente da ameaça de rompimento da barragem Sul Superior da mina do Gongo Soco e foi marcada também por protestos contra a mineradora.

A movimentação de um talude e seu possível desmoronamento pode ocasionar o efeito gatilho sobre a barragem Sul Superior e liquefação na mesma, causando a ruptura.

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Protesto marcou realização de simulado de evacuação em Barão de Cocais. Foto H. Bragança

No simulado, as reclamações eram quanto a desconfiança em relação à verdade, pouca transparência  da empresa nas informações sobre o perigo iminente e incertezas sobre a  realidade, aliados á aflição dos dias que se seguem.

Segundo a Vale, as fissuras no talude problema aumentam 5 cm por dia e prevê que entre este domingo (19) e o próximo sábado (25), a tragédia econômica e social que já vive a cidade de mais de 30 mil habitantes será acrescida de  mais danos psíquicos e destruição de nascentes, córregos e afluentes dos rio Santa Bárbara e Rio Piracicaba.

Se isso ocorrer, cidades da região serão afetadas e as primeiras serão São Gonçalo do Rio Abaixo e João Monlevade que capta água para abastecimento no rio Santa Bárbara, afluente do rio Piracicaba e rio Doce.

Barreira para rejeitos

Infográfico da Vale mostra detalhes das fissuras. Situação já interdita utilização da ferrovia Vitória-Minas no trecho, Imagem: Divulgação Vale

Na última quinta-feira (16) a Vale iniciou a construção de uma contenção de concreto, a 6 quilômetros da barragem, que vai funcionar como uma barreira física caso haja rompimento.

“Além dessa estrutura que, após concluída, fará a retenção de grande parte do volume de rejeitos da barragem Sul Superior em caso de rompimento, a Vale está realizando intervenções de terraplenagem, contenções com telas metálicas e posicionamento de blocos de granito. Essa obra atuará como barreira física no sentido de reduzir a velocidade de avanço de uma possível mancha, contendo o espalhamento do material a uma área mais restrita”, diz a mineradora. 

A barragem e o talude norte da cava de Gongo Soco são monitoradas 24 horas por dia.

Juíza aumenta multa da Vale para R$ 300 milhões

A juíza Fernanda Machado, da Vara de Barão de Cocais, decidiu ontem (17) elevar o teto de uma multa aplicada à mineradora Vale para R$ 300 milhões. Ela atendeu pedido do Ministério Público (MP).

Segundo o MP, a mineradora não apresentou o estudo dos impactos relacionados ao eventual rompimento das estruturas da Mina de Congo Soco, o que foi negado pela Vale.

Na decisão, a juíza determinou ainda que a Vale apresente, até este domingo, um estudo atualizado de ruptura (dam break), considerando a zona de impacto como um todo (mancha de inundação que deve estar descrita no estudo hipotético de situação), levando em conta todos os cenários possíveis e os efeitos cumulativos e sinérgicos do conjunto de todas as estruturas que integram o complexo.

Nota da Redação:

* Neste mês a Vale depositou na conta da prefeitura de Barão de Cocais,  um cheque de 2 milhões de reais, parte dos 100 milhões de reais que a Vale direcionou para as cidades impactadas pela paralisação das atividades minerárias, em decorrência de interdições judiciais de barragens e minas.

A chegada dos ínfimos recursos (face aos prejuízos já apurados) causou indignação nos gestores da cidade que não sabiam que o pior ainda pode vir a acontecer.

*Também é motivo de críticas o fato de que a empresa iniciou apenas nesta quinta-feira (16) a construção de talude de contenção e outras estruturas para minimizar os impactos de rompimento, cuja ameaça existe desde o mês de fevereiro.