Vestida de vermelho, diante do auditório lotado da mais tradicional universidade francesa, a Sorbonne, em Paris, a ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff, explicou na noite desta terça-feira (17) as razões do seu impeachment e os fatores que possibilitaram a eleição de Bolsonaro. “O golpe de 2016, a prisão do Lula e a destruição dos partidos de centro e de esquerda. Tudo isso com o apoio da mídia, das Forças Armadas, do mercado e de setores políticos, que achavam que seria possível controlá-lo”, disse.
A ex-presidente continuou: “O problema é que Bolsonaro não tem chip de moderação”, acrescentou. Sem meias palavras, a ex-presidente também chamou a elite brasileira de “golpista”.
Dilma em seguida classificou Bolsonaro de neofascista. “Ele é neo porque ele não é nacionalista, ele bate continência para os Estados Unidos”, afirmou. “Quando o neofascismo se junta com o neoliberalismo, é fundamental que o aspecto democrático seja ressaltado, porque é ele que cria a contradição. Porque eles [ela se refere aos apoiadores de Bolsonaro] passam a ter incômodo com o fato de ele ser tosco, com o fato de ele ser misógino.”
A ex-presidente fazia referência aos ataques de Bolsonaro à primeira-dama francesa Brigitte Macron, à Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos e ex-presidente do Chile Michelle Bachelet e a ela mesma. “Ele defende a tortura e o assassinato político”, acrescentou.
A conferência de Dilma Rousseff sobre o Brasil contemporâneo se deu durante o evento intitulado “O Brasil ainda é o país do futuro?”, organizado pela Sorbonne em parceria com outras universidades francesas e com a Rede Europeia pela Democracia no Brasil (RED.Br) e moderado por Olivier Compagnon, professor do Instituto de Altos Estudos em América Latina.
*Texto e foto: Paloma Varón RFI