As ferrovias são modais importantes no transporte de cargas no Brasil e exigem uma viabilidade econômica para sua construção e manutenção. A chamada Ferrogrão, ferrovia planejada pelo Governo Federal para ligar o Norte do Mato Grosso, da região de Sinop, até o Pará para escoamento de cargas agroindústrias, por exemplo, é um investimento na casa dos bilhões de reais.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Cláudio Barbieri, do Departamento de Engenharia de Transportes da Poli, explica que um dos principais problemas desse tipo de transporte é que há um investimento muito grande em vias com um fluxo intenso de sentido único, com pouca carga retornando no sentido contrário. “Isso dificulta a viabilização econômica, a viabilização financeira de investimentos na área de transporte”, diz.
Segundo Barbieri, o escopo das ferrovias nacionais favorece o transporte de cargas de exportação em regiões produtoras de grãos ou de minérios para os portos: “Não temos uma malha ferroviária que interligue, de maneira eficiente, o País de norte a sul”. As cargas gerais, por exemplo, que se diferenciam do transporte à granel, são pouco transportadas pelas ferrovias pela falta de estruturas Double Stack, dois contêineres sobrepostos em um mesmo vagão.
“Para que esses produtos industrializados possam ser transportados pelas ferrovias, precisamos que elas sejam mais rápidas, também com tempo de trânsito maior e com terminais nas grandes cidades, que permitiriam uma descarga mais eficiente”, diz, ao comentar sobre um projeto moderno de ferrovias no País, já que um outro fator que diminui a atratividade das ferrovias é o cruzamento de áreas urbanas e regiões metropolitanas.
- Ouça a entrevista completa, onde o professor também avalia o papel das mineradoras sobre o sistema ferroviário brasileiro, em: https://jornal.usp.br/atualidades/brasil-carece-de-malha-ferroviaria-que-interligue-de-maneira-eficiente-o-pais-de-norte-a-sul/