Na véspera do fim da presidência brasileira no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), o ministro das Relações Exteriores do país, Mauro Vieira, criticou nesta segunda-feira (30) a paralisia do principal órgão da ONU frente ao conflito entre Hamas e Israel.
Para Vieira, a entidade tem “vergonhosamente falhado” para buscar soluções.
O número de mortos já ultrapassa dez mil, a grande maioria palestinos, e desse total 3,2 mil são crianças.
No início do mês, o país chegou a apresentar uma resolução que pedia um cessar-fogo para o envio de ajuda humanitária.
Por pouco ela não foi aprovada: 12 países votaram a favor.
Porém, os Estados Unidos, que tem poder de veto, não deixaram o texto ser implementado.
“Minhas perguntas a todos vocês são: se não agora, quando? Quantas vidas mais serão perdidas até que nós finalmente passemos do discurso para a ação?”, questionou sobre a escalada do conflito na Faixa de Gaza.
A principal cidade do território, que conta com quase 2,3 milhões de habitantes, passou a ser atacada nesta segunda por terra, mar e água.
Divergências
Para o ministro, divergências internas entre os membros, principalmente os permanentes [são eles Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia e França], levaram aos impasses e uso do conselho apenas “para alcançar seus próprios propósitos, em vez de colocar a proteção de civis acima de tudo”.
Durante o duro discurso, Vieira ainda enfatizou que as crises humanitárias como em Gaza exigem que as rivalidades sejam abandonadas.
“O fato de o conselho não ser capaz de cumprir sua responsabilidade de salvaguardar a paz e a segurança internacionais devido a antigos antagonismos é moralmente inaceitável”, acrescentou.
Além disso, o ministro disse que qualquer Estado tem direito de se defender, mas devem respeitar “o direito humanitário internacional
Ele citou, em especial os princípios de distinção, proporcionalidade, precaução, necessidade militar e humanidade”.
Por conta dos bombardeios diários contra a população civil, Israel tem recebido críticas da ONU e chegou a impedir a entrada de representantes da entidade em seu território.
Falta ajuda humanitária
Enquanto a ajuda humanitária chega a conta gotas, com a entrada de apenas 150 caminhões em pouco mais de uma semana, os hospitais estão em colapso.
Falta comida e muitas pessoas já recorrem a fontes de água poluídas.
Conforme a ONU, são necessários pelo menos 300 veículos por dia para amenizar a situação.
O ministro brasileiro lembrou que o início do envio de mantimentos, água e remédios só começou por conta de um acordo entre Egito, Estados Unidos, Israel e ONU, porém tem sido insuficiente frente às necessidades da Faixa de Gaza.
Por fim, Vieira alegou que cerca de 30 brasileiros seguem no território e não conseguem sair.
Foto: Itamaraty e Cruz Vermelha.org