Brincar sem ofender: fantasias que ridicularizam outras pessoas devem ser evitadas no carnaval

Postagens do governador baiano Jerônimo Rodrigues reacendem discussão sobre escolha dos adereços para a folia

Brincar sem ofender: fantasias que ridicularizam outras pessoas devem ser evitadas no carnaval
Rio de Janeiro - Blocos carnavalescos tocam na Abertura do Carnaval, no centro da cidade (Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Em boa parte do país, os blocos já estão nas ruas há alguns dias. Nas praças mais carnavalescas, como Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia, foliões vestem as mais diferentes fantasias para brincar no primeiro fevereiro sem restrições desde o início da pandemia. E, depois de tanto tempo sem a festa mais tradicional do país, uma discussão é retomada: quais os limites para as fantasias? 

O governador baiano, Jerônimo Rodrigues (PT), retomou o debate nesta semana. Em meio a uma das maiores festas carnavalescas do país, a de Salvador, ele foi ao Twitter, em postagem com direito a chapéu ornamentado na cabeça, para dizer que algumas fantasias são “proibidas”.

Você sabia que certas fantasias ridicularizam pessoas e culturas e pegam mal no #Carnaval? Se não sabia, Professor Jero Explica. Siga o fio e confira o que você NÃO deve vestir! 🧶 pic.twitter.com/wtK3hpzhlj — Jerônimo Rodrigues (@Jeronimoba13) February 15, 2023

Rodrigues, que é professor universitário, se apresentou como “Professor Jero” para dizer que “indígena não é fantasia”. “Os povos indígenas lutam, diariamente, para terem seus direitos reconhecidos. É um desrespeito se apropriar de suas vestimentas e acessórios e transformar sua cultura diversa em um estereótipo”, diz uma das postagens do governador, que se autodeclara indígena.

Ele foi além, citando também que “travesti não é fantasia”. “Se vestir de mulher ridiculariza figuras femininas e ofende identidades travestis e transsexuais. Não tem graça, pessoal!”

Por fim, em mensagem que complementou o “fio”, o governador postou: “Pessoas pretas não são fantasia. Usar maquiagens blackface, perucas e demais acessórios reforçam o racismo e a hiperssexualização da população preta. Vestir-se de ‘Nega maluca’? Nem pensar!”

As postagens, que já passaram de 200 mil visualizações, receberam comentários positivos, mas também críticas. Algumas pessoas que responderam ao governador questionaram o uso da palavra “proibidas” no anúncio.

A abordagem do assunto não é novidade no poder público. Em 2020, no último carnaval antes do início das restrições por conta da covid-19, a prefeitura de Belo Horizonte publicou cartilha pedindo que os foliões evitassem usar fantasias com recados preconceituosos, além de ter sugerido suspender a execução de marchinhas que perpetuam o racismo velado, como “Teu Cabelo Não Nega”.

“Nega Maluca”? Não!

O Movimento Negro Unificado (MNU) publicou nas suas redes sociais nesta quinta-feira (16) um protesto contra a existência do bloco de carnaval “Nega Maluca”, em Angra dos Reis. a publicação lembra que o Brasil tem um passado escravocrata que segue afetando as pessoas negras. “Permitir que um bloco carnavalesco reproduza o racismo, em uma festa criada e desenvolvida pela população para suavizar a luta por sua humanização e com a convivência do Estado, é inadmissível!”, diz o texto.

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