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A pesquisa da vacina Calixcoca é a iniciativa destaque da segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde.
A cerimônia de entrega foi realizada nesta quarta-feira, 18 de outubro, em São Paulo.
A equipe da UFMG conquistou a premiação de 500 mil euros (cerca de R$ 2,6 milhões).
O prêmio é organizado pela multinacional farmacêutica Eurofarma, que atua em mais de 20 países.
O coordenador da pesquisa, professor Frederico Garcia, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, agradeceu à sociedade brasileira que apoiou a campanha.
“Desenvolver ciência na América Latina não é fácil. A UFMG é, hoje, uma universidade que está fazendo a diferença. Só temos a agradecer o apoio da nossa reitora [Sandra Regina Goulart Almeida] e do nosso pró-reitor de Pesquisa [Fernando Reis]”, celebrou. Fernando Reis participou da cerimônia.
Sandra Goulart Almeida comemorou o resultado. “Essa conquista representa uma grande vitória para a comunidade de pesquisadores da UFMG e para a ciência brasileira. A Calixcoca traz esperança porque se apresenta como uma importante alternativa de tratamento contra as drogas. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer, e esse prêmio nos estimula a continuar trabalhando para que a vacina cumpra todas as suas etapas de desenvolvimento”, destacou a reitora.
Anticorpos ligados à cocaína
O medicamento induz o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea.
Essa ligação transforma a droga em uma molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica.
O projeto já passou por etapas pré-clínicas, em que foram constatadas segurança e eficácia para tratamento da dependência de crack e cocaína e prevenção de consequências obstétricas e fetais da exposição às drogas durante a gravidez em animais.
Em seu discurso, o professor ressaltou o compromisso com os pacientes que sofrem com a dependência química.
“Sabemos como é difícil ter uma pessoa dependente em casa, como é sofrido para um acometido pela dependência ter que lidar com a ambivalência de usar ou não droga e como é ainda mais difícil para uma gestante dependente proteger seu feto e lidar com a dor da abstinência. Temos a missão de cuidar dessas questões”, finalizou.
Em entrevista recente ao Portal UFMG, Frederico Garcia exaltou os resultados alcançados até o momento nos testes da Calixcoca, mas advertiu que a vacina não pode ser encarada como uma “panaceia”.
“Ela não seria indicada indiscriminadamente para todas as pessoas com transtorno por uso de cocaína. É preciso fazer uma avaliação científica para identificar com precisão como ela funcionaria e para quem ela seria eficaz, de fato”, alertou.
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Além de Frederico Garcia, os estudos reúnem os professores Maila de Castro, da Faculdade de Medicina, Gisele Goulart, da Faculdade de Farmácia, Ângelo de Fátima, do Instituto de Ciências Exatas, e os pesquisadores Paulo Sérgio de Almeida, Raissa Pereira, Sordaini Caligiorne, Brian Sabato, Bruna Assis, Larissa do Espírito Santo e Karine Reis, vinculados ao Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (NAVeS) .
Mais votada por médicos de 17 países, a Calixcoca superou outras 11 iniciativas inovadoras no campo da saúde desenvolvidas na América Latina, entre as quais, a SpiN-Tec, vacina contra a covid-19 que foi agraciada com 50 mil euros por ter sido uma das vencedoras na categoria Inovação em terapias.
Investimento
Até o momento, a Calixcoca é financiada pelos governos federal e de Minas Gerais e com verbas de emendas parlamentares.
Sua continuidade depende de novos aportes de recursos.
No fim de agosto, a reitora Sandra Goulart Almeida e o professor Frederico Garcia apresentaram o projeto da vacina ao ministro Camilo Santana, da Educação.
Na ocasião eles solicitaram apoio governamental para dar prosseguimento aos testes.
Em julho, o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, anunciou, durante visita da ministra Nísia Trindade à UFMG, o aporte de R$ 10 milhões no projeto.
Em outra frente, a UFMG, por meio da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), empreendeu trabalho estratégico de proteção nacional e internacional da tecnologia e busca agora parceiros para licenciá-la.
Foto: Arquivo pessoal e CCS/Faculdade de Medicina da UFMG