O distrito de Camargos, em Mariana, terá esgoto tratado a partir de uma parceria entre a Samarco com a startup Lia Marinha, através do Mining Hub, e com a comunidade e poder público.
Em abril de 2024, a empresa entregou as primeiras Estações de Tratamento Natural de Efluentes (ETNs) instaladas em 18 residências do distrito, abrangendo 30% das moradias.
A partir dos resultados positivos, o projeto está em expansão para alcançar todo o distrito até 2025.
Com investimentos de R$ 2 milhões, a proposta está alinhada ao objetivo da Samarco de contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das comunidades vizinhas às suas operações.
“O saneamento básico é fundamental para o desenvolvimento saudável de uma comunidade. A partir da escuta realizada por meio dos diálogos permanentes com os moradores conseguimos compreender suas necessidades e buscamos uma solução adequada, que beneficia não apenas a população de Camargos, mas também os visitantes que procuram os atrativos naturais da região, poderão se banhar no córrego e na cachoeira com água limpa”, afirma o especialista em Relações Socioinstitucionais da Samarco, Guilherme Louzada.
Um dos primeiros a ser beneficiado pelo projeto, o morador e piscicultor Élcio Cruz Homem conta que sua vida e negócio se transformaram complemente com a iniciativa.
“Eu tenho bio poços para criação de peixes e com o sistema de tratamento de esgoto, ganhamos em saúde e na melhoria da qualidade dos produtos que comercializo. Só temos a ganhar! Foi grande o benefício que tivemos”, comemora.
Outra forma para tratar resíduos
A solução permite o tratamento de esgoto de forma descentralizada, próximo às casas de moradores da comunidade, poupando gastos com longas tubulações e a necessidade de uma estação de tratamento centralizada, com alto custo de operação e manutenção.
As estruturas utilizam a técnica de fitorremediação – que consiste no emprego de filtros naturais com espécies de plantas nativas que reduzem contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes na água, sem necessidade de produtos químicos, além de não demandar uso de energia elétrica.
Gestão compartilhada
A operação das ETNs é monitorada com a participação da comunidade, por meio da plataforma digital colaborativa OlhaÁgua, que conecta os moradores onde as estruturas estão instaladas às organizações públicas e privadas que participam do projeto.
“O monitoramento permite mapear eventos de falha e risco para avaliação, diagnóstico e solução”, explica o diretor da startup Lia Marinha, Willian Fernando de Almeida Pessoa. Ele diz, ainda, que futuramente, o banco de dados que está sendo gerado nas estações de tratamento poderá, por exemplo, ser utilizado para gerar políticas públicas para populações rurais.
Na Prova de Conceito do projeto, foram estabelecidos indicadores de qualidade da água conforme os padrões da legislação ambiental, como a Resolução Conama 430, que trata do lançamento de efluentes líquidos. Os testes realizados permitiram comprovar a eficiência da tecnologia implementada no tratamento do esgoto sanitário.
Case de sucesso
O desenvolvimento de uma tecnologia para tratamento de esgoto sanitário domiciliar para a comunidade de Camargos, apoiada pela Samarco, foi apresentada no 2⁰ Congresso Internacional de Cases de Open Innovation, em São Paulo, em maio deste ano.
O case também foi apresentado na Exposibram 2024 como uma solução inovadora.
Fotos: arquivo pessoal Élcio Cruz