Músicos executam repertório diversificado que poderá ser visto às 11h no próximo domingo, 5 de julho. A apresentação foi gravada na Capela de Santana da Fazenda Pé do Morro
A Casa de Música de Ouro Branco preparou um concerto especial para o próximo domingo, 5 de julho de 2020, às 11h.
Gravado na capela de Santana, a apresentação será exibida no canal de Youtube da Casa de Música.
“O concerto foi preparado seguindo todas as recomendações de proteção indicados pela OMS por conta da pandemia do Covid 19, afirma Kênia Libânio, coordenadora da Casa de Música.
A ideia de fazer o concerto foi reunir – com todos os cuidados – a Orquestra de Câmara da Casa de Música, que desde o início da quarentena tem realizado ensaios apenas virtualmente. “Fizemos o concerto sem público e tomando todas as precauções por conta da pandemia, como uma forma de agradecer a quem nos acompanha a tanto tempo. Também é uma forma de iniciarmos as comemorações dos 20 anos que a Casa de Música completa no próximo ano”, afirma o regente Marcos Silva Santos.
O público poderá assistir de casa com a família a apresentação, que contará com um repertório que cobre um vasto período de tempo, do Classicismo de Mozart ao samba esquema novo de Jorge Ben, passando pelo Romantismo e pela estética neoclássica do início do século XX.
“Abrimos o concerto com o Divertimento para cordas em Fá Maior, de Mozart. Se um número considerável de obras de Mozart tem seus contextos de composição bastante esclarecidos, este não é o caso dos Divertimentos, em torno dos quais gravitam muitos enigmas. Uma hipótese curiosa, por exemplo, é que essas obras embora tenham sido compostas em Salzburg, foram, de fato, estreadas em Milão. É que em 1772, ano em que foram compostos, Mozart estava prestes a embarcar para sua terceira viagem à Itália, onde produziria mais ópera sob encomendada do conde daquela cidade”, explica o regente.
E seguida, a orquestra apresenta uma peça da não menos genial, embora um tanto ainda subaproveitada no contexto da música ocidental de concerto: a compositora Clara Schumann. “Embora seja injustamente referenciada na história da música como a esposa de Robert Schumann, Clara que já aos 11 anos de idade excursionava pela Europa exibindo um apuro técnico notável, foi compositora de obra robusta, deixando-nos um legado que abarca além de muita música para piano solo, canções, música de câmara e música para orquestra. Dela ouviremos uma transcrição de seu Prelúdio e Fuga, uma peça que nos dá a oportunidade de vislumbrar quão notável foi a pianista bem como apreciar seu valor como compositora já que aqui Clara Schumann manipula a protocolar forma da fuga com admiráveis fluidez e lirismo”, conta o regente.
A próxima obra do programa, Sinfonia Simples op. 4 de Benjamin Britten, dialoga muito com o Divertimento apresentado no início do programa. “Essa Sinfonia, tal como a peça de Mozart, é também um registro de um jovem compositor fazendo seus experimentos com as formas tradicionais. Aqui executaremos o primeiro e o terceiro movimentos, que são as versões de Britten para duas danças barrocas: Bourée, mais rápida e em compasso binário e a Sarabanda, mais lenta e em compasso ternário. Ambas melodias teriam sido anotadas pelo compositor ainda em sua infância”, diz Marcos.
O encerramento do concerto será com uma exaltação à música brasileira: um arranjo para cordas de Mas que Nada, composição presente no álbum de estreia de Jorge Ben presente no álbum Samba Esquema Novo de 1963. “Essa música, que se tornou um ícone da brasilidade, esteve entre as mais tocadas nas rádios estadunidenses no ano de 1966 e já foi regravada por artistas que vão desde Ella Fitzgerald a The Black Eyed Peas”, finaliza o maestro.
