Casa de Música de Ouro Branco realiza segunda edição do Gastrofônica

O evento recebe, no dia 29 de junho, às 20h, a Orquestra de Câmara de Ouro Branco, Nath Rodrigues e o chef Felipe Rameh, que prepara um menu especial. O público pode adquirir a cesta com os produtos do cardápio e a renda será revertida para projeto de capacitação

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Nos tempos difíceis em que vivemos, nada como assistir a um bom concerto e se deliciar com um prato criado por um renomado chefe para tornar a vida mais leve. Para isso, você não precisa sair de casa. A Casa de Música de Ouro Branco promove no dia 29 de junho, terça-feira, às 20h, a segunda edição do Gastrofônica. O evento, idealizado pelo maestro MarcosSilva-Santos, regente da Orquestra de Câmara de Ouro Branco, explorará novamente as múltiplas relações entre as artes da gastronomia e da música. 

Desta vez, o evento recebe o renomado chef Felipe Rameh. Em 20 anos de carreira, Rameh foi um dos responsáveis pela cozinha do D.O.M (SP), de Alex Atala; participou de um dos primeiros programas de culinária do GNT, o Mesa para Dois e trabalhou em diversos restaurantes estrelados pelo mundo. A ideia é que o menu preparado por ele especialmente para o Gastrofônica “harmonize” com as peças que serão executadas pela orquestra. 

Além disso, o evento terá a participação da violinista, cantora e compositora Nath Rodrigues. Dona de uma carreira com importantes passos e um merecido reconhecimento na cena mineira, Nath e tem participação ativa em movimentos que fomentam a cultura popular, a música independente e o pensamento e prática sobre a música como instrumento socializador e curativo. 

“Gastrofônica visa explorar as relações entre as artes da música e da gastronomia. Defendemos que entre os ofícios do músico e do cozinheiro há mais pontos em comum do que geralmente se diz. Ambos lidam com texturas, consonâncias, tensões, camadas, hierarquias, afinações, temperamentos etc. Nessa segunda edição do Gastrofônica o diálogo entre música e comida se dá em várias dimensões: temporal, tátil/textural, formal/estrutura e visual”, explica o regente Marcos.

Nath Rodrigues, Felipe Rameh e Marcos Silva – Santos_Netun Lima

O evento foi gravado previamente e será transmitido pelo canal do Youtube da Casa de Música de Ouro Branco (www.youtube.com/casademusicadeourobranco). Funcionará assim: o chefe Felipe Rameh prepara os pratos, ensinando o passo a passo de cada receita do menu, enquanto conversa com o maestro Marcos sobre as escolhas das peças e a relação com os ingredientes e sabores. Esse preparo vai ser intercalado com apresentação da orquestra acompanhada pela solista Nath Rodrigues. 

O link é aberto ao público, mas a ideia é que cada um possa cozinhar juntamente com Rameh, que ensinará o passo a passo das receitas. “Para isso preparamos uma cesta com todos os ingredientes que serão utilizados e que pode ser comprada em nosso site”, explica Marcos. 

Os pratos servem duas pessoas. As cestas serão vendidas por R$250,00 (informações sobre a venda no fim do texto) e a renda será revertida para qualificação de mão de obra, como explica Kênia Libânio, coordenadora da Casa de Música. “Vamos realizar uma oficina de panificação.  A ideia é qualificar pessoas de nossa região que já trabalham com venda de alimentos. Ministrado pelo chef Felipe Rameh, o curso será no bairro São Francisco, em Ouro Branco. Serão oferecidas apenas 5 vagas por conta da pandemia, mas tudo será gravado e disponibilizado posteriormente no YouTube”, explica. 

Música e sabores – Felipe Rameh fala sobre esse encontro

Segundo o chef Felipe Rameh, essa foi a primeira vez que ele foi provocado a criar um menu a partir de uma sonoridade. “Eu vejo muita sinergia entre a música e a comida. Acho que a construção musical é muito similar à construção de um prato. Primeiro você imagina sonoridades e sabores, concretiza com temperos ou acordes, prova, sente e faz os ajustes finais para que fique equilibrado e gostoso ao paladar e aos ouvidos”, relata. 

Rameh conta que escutou as músicas sugeridas pelo maestro Marcos em diferentes momentos e, a partir das nuances, foi imaginando cores, texturas, sabores e ingredientes. “A obra do Barber (Samuel Barber, compositor norte-americano), por exemplo, me remeteu a algo que flutua e plaina. Isso me trouxe a referência do pato (ingrediente do prato principal), das aves migratórias. Ao mesmo tempo, a peça tem passagens intensas, por isso acrescentei o cará, que é uma raiz, um tubérculo, além da pimenta verde e do aroma do manjericão no óleo”, explica. 

Programa – Maestro Marcos Silva-Santos explica a escolha das peças

“O primeiro momento de Gastrofônica#2, por exemplo, é uma homenagem à riqueza imagética do trabalho do chef Felipe Rameh. É que Mussorgsky compôs essa obra após visitar uma exposição com os quadros de seu amigo Viktor Hartmann. A obra original foi escrita para piano e conta com movimentos em referência a 10 quadros de Viktor conectados entre si. Executaremos a primeira Promenade e o quarto movimento Carro-de-bois numa transcrição para cordas que visa através de uma rica paleta timbrística refletir toda a expressividade imagética dos pratos do Rameh, que são verdadeiras pinturas”, explica o maestro. 

 No segundo momento, a relação entre a entrada “Crostini” e as músicas se dá fundamentalmente por um aspecto tátil. “É que foram escolhidas duas marchas, de Max Bruch e Carl Reinecke, que exploram ampla gama de articulação sonora por parte dos arcos da orquestra. Assim, buscou-se espelhar um caminho que vai desde a “crocância” do pão e da maçã até a qualidade do mel, passando pelo queijo de cabra através da riqueza entre pizzicatos, golpes de arco curtos (stacatto) chegando a seções melódicas e de arcadas ligadas (legato). Na música de Reinecke, especificamente, fica bem claro um caminho que vai desde uma seção construída com sons mais destacados, pontuais e angulares até uma seção interna mais lírica e melódica, em que arcos frasais mais amplos e de sons mais conectados entre si”, comenta Marcos. 

As duas peças que se seguem dialogam entre si por serem duas obras de andamento lento: o Adágio para cordas de Samuel Barber e a obra Beatriz, de Edu Lobo e Chico Buarque. “Em Barber, sublinha-se uma harmonia extremamente bem desenhada, com abundância de notas suspensas e um processo genial de direcionamento de forças até o clímax da obra. Em diálogo com o Adagio de Samuel Barber temos Beatriz de Edu Lobo como uma das representantes do que eu chamo Adagio Brasileiro, uma categoria que eu identifico na música brasileira muito influenciada por Villa-Lobos, mas depois continuada em inúmeros compositores: Chico, Milton e Brant, Guinga etc.”, conclui o regente. 

Transmissão gratuita ao vivo via o canal de Youtube da Casa de Música de Ouro Branco (www.youtube.com/casademusicadeourobranco)

– Preparação dos pratos – Chef Felipe Rameh 

– Concerto da Orquestra de Câmara de Ouro Branco. Solista: Nath Rodrigues

Vendas das cestas (Belo Horizonte e Ouro Branco)

Site:www.ramehcozinhacaixa.com/product-page

Valor: R$250,00 (unidades limitadas – Entrega incluída, serve duas pessoas)

Mais informações pelo e-mail: gastrofonica@gmail.com / Instagram: @gastrofonica ou @casademusicaob@gmail.com 

Menu/Programa

DRINK 

M. Mussorgsky

Promenade

Carro-de-Bois

Gin Tea Tonic Cachaça

Gin, cachaça, clitória ternatea, chá branco e limão siciliano.

ENTRADA

M. Bruch          

I. Marcha (Serenata sobre temas suecos)

C. Reinecke

I. Marcha (Serenata para cordas op. 242)

Crostini, queijo azul, maçã verde, nozes e mel.

PRATO PRINCIPAL

S. Barber

Adagio para cordas op. 11

Confit de Pato, cará, pimenta verde e vinho madeira.

SOBREMESA

Edu Lobo e Chico Buarque

Beatriz (arr. Marcos Silva-Santos)

Solista: Nath Rodrigues

Chocolate, chocolate e chocolate.

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