O ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi marcado por uma ampla defesa de Israel. Apoiadores do ex-presidente chegaram à Avenida Paulista, neste domingo (25), vestidos com a camisa da seleção brasileira e com bandeiras israelenses e dos Estados Unidos.
Ao subir no trio elétrico, Bolsonaro tremulou uma bandeira do país de Benjamin Netanyahu, segurada também pelo deputado federal Coronel Zucco (PL-RS). A ex-primeira-dama Michele Bolsonaro terminou o seu discurso mencionando a seguinte frase: “que a verdadeira shalom esteja dentro dos muros de Israel. Nós abençoamos o Brasil. Nós abençoamos Israel. Em nome de Jesus, amém”, disse.
O senador Magno Malta (PL-ES) também citou Israel e atacou o presidente Lula, pelo fato de ele ter comparado o atual massacre em Gaza ao Holocausto. Com uma bandeira na mão, relembrou o Holocausto e disse “Israel, nós te amamos”.
O pastor Silas Malafaia, um dos financiadores e organizadores do ato, também criticou o presidente por causa das declarações sobre o genocídio contra os palestinos e iniciou o discurso com uma bandeira israelense no ombro.
A presença desses símbolos no ato reforça a aliança da extrema direita brasileira com o país responsável pelo genocídio na Faixa de Gaza.
Israel tem promovido um massacre contra o povo palestino desde o dia 07 de outubro do ano passado. Até o momento, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, quase 30 mil palestinos civis foram mortos no conflito, entre os quais se incluem 13 mil crianças, segundo as estimativas.
Estima-se também que há cerca de 8 mil corpos desaparecidos sob escombros, o que elevaria o total de vítimas a mais de 37 mil. Esse número representa cerca de 1,68% da população do território palestino, que é de aproximadamente 2,3 milhões de pessoas, segundo estatísticas oficiais de entidades de apoio aos refugiados palestinos.
Nesta semana, Netanyahu divulgou um plano de ocupação da Faixa de Gaza após o término dos bombardeios. Ele inclui “desmilitarização completa” de Gaza, novas administrações para a vida civil e do sistema educacional no território palestino e o fechamento da fronteira com o Egito, via a cidade de Rafah. Tudo supervisionado pelo governo israelense.
Manifestação sem cartazes
Diferentemente de outras manifestações similares, os apoiadores de Bolsonaro desta vez não levaram cartazes com mensagens contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou com mensagens antidemocráticas. Esse foi um pedido do próprio ex-presidente, que teme novas complicações com a justiça.
Em outros atos, especialmente os de 2022 e 2021, os apoiadores e o próprio Bolsonaro expressavam ataques ao STF e pediam, por exemplo, intervenção militar, com cartazes elogiosos ao período da ditadura.
Neste domingo, alguns chegaram a cavalo, vestiam acessórios simbólicos do agronegócio e cantavam louvores cristãos. Foram registrados momentos de cordialidade entre manifestantes e a polícia. Não há uma estimativa oficial de público.
Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal por provável envolvimento com organização dos atos golpistas, com o objetivo de impedir a posse do presidente Lula da Silva. Ele convocou esta manifestação em São Paulo, neste domingo (25), para “se defender” das acusações.