
A Comissão de Atingidos de Bento Rodrigues, com o apoio da Assessoria Técnica Independente – Cáritas Brasileira, está organizando um importante ato de conscientização e mobilização em prol da intervenção, preservação e restauração da Capela Nossa Senhora das Mercês, patrimônio histórico, cultural e artístico de extrema importância para a comunidade e região.
O ato religioso acontecerá no dia 27 de maio de 2023, sábado, às 15 horas, em Bento Rodrigues.
Mônica Santos, atingida de Bento Rodrigues e integrante da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), relata que o ato religioso tem o objetivo de chamar atenção para que as obras de intervenção comecem o quanto antes.
“O que nos motiva é o estado que a capela se encontra. A cada final de semana que a gente chega para abrir para ela respirar e para limpar, infelizmente, é um pedaço no chão que a gente encontra”.
Por ela hoje ser tombada, nós [a comunidade] ficamos impossibilitados de dar a manutenção que ela precisa; o que a gente sempre fez com recursos da própria comunidade e a mão de obra da própria comunidade. Pedimos a intervenção antes que ela caia, explica Mônica.
Entenda a situação da capela após o rompimento da Barragem de Fundão
O Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado em 2016, definiu entre os 22 programas sócio-econômicos a serem criados pela Fundação Renova, a diretriz de Preservação da Memória Histórica, Cultural e Artística.
Por meio dele, é assegurado o restauro dos templos religiosos, para além de outros bens que fazem parte do patrimônio coletivo, tombados ou inventariados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA).
No entanto, o que se percebe no território é o descumprimento do que foi estabelecido judicialmente.

A capela de Nossa Senhora das Mercês, assim como a capela de Santo Antônio em Paracatu de Baixo, permaneceram de pé em meio à devastação causada pelo rompimento de Fundão, em 2015.
Contudo, as comunidades locais perderam a autonomia sobre o uso e a preservação desses lugares devido aos impactos do rompimento da barragem.
Deste modo, o estado de deterioração dos patrimônios históricos tem se agravado rapidamente, uma vez que não foram realizadas obras de restauração.
Antes do desastre, a própria comunidade se responsabilizava pela manutenção básica desses espaços, utilizando recursos provenientes do dízimo para pagar as despesas.
Após o crime, essas edificações são testemunhas do desastre, enquanto toda a estrutura social e cultural foi profundamente afetada.
Atualmente, a conexão com as capelas é mantida por pessoas que retornam constantemente para celebrar suas tradições.
Por isso, a Comissão de Bento Rodrigues e a Assessoria Técnica da Cáritas convidam a imprensa, as comunidades atingidas por barragens e todos os cidadãos sensibilizados pela causa a participarem do ato pela preservação da Capela Nossa Senhora das Mercês.
De acordo com a equipe técnica da Cáritas, e também da comunidade de Bento, a situação atual da capela é preocupante, com riscos iminentes de colapso.
Foto: IEPHA