Em entrevista ao programa “Ambiente É o Meio” desta semana, Sandoval de Souza Pinto Filho, diretor ambiental da União de Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), relatou os problemas enfrentados pela comunidade.
O município é conhecido por integrar a lista de Patrimônio Cultural da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), pelas obras do artesão Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, mas também é marcada pelos impactos ambientais da mineração.
Para o diretor da Unaccon, a mineração traz “poeira, problemas hídricos e problemas sociais” para Congonhas, que ainda convive com o risco do rompimento de barragens. Segundo relatório feito pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Congonhas, conta Pinto Filho, ao todo, a cidade é cercada por 24 barragens de rejeitos de mineração, entre as quais 54% apresentam algum dano potencial considerado alto, incluindo a probabilidade de ruptura.
A maior delas, a Barragem Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada próxima à área urbana, é a que apresenta maior risco. “É uma atividade que cresceu, mas sem pensar na vizinhança”, adianta o especialista ambiental, informando que a estrutura, que acondiciona cerca de 65 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração, está localizada a cerca de 250 metros de casas e a 2,5 quilômetros do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
De acordo com o diretor da Unaccon, há algum tempo as barragens já apresentam riscos. “Problema de rompimento de barragem aqui para nós não é novidade. Já tivemos, em 2008, um bairro que alagou, mas não matou ninguém e ficou por isso mesmo”, conta. Para amenizar o problema, Pinto Filho defende que seja adotado todo o tipo de prevenção, pois a sociedade civil tem “direito a respeito, responsabilidade, transparência e o uso de tecnologias adequadas” pelas empresas que desenvolvem atividade de mineração na região.
Ouça a entrevista:
- Rádio USP
- Foto: PMC