“Dia 15 de abril é comemorado o Dia Nacional da Conservação do Solo, oficializado pelo decreto de lei nº 7.876, de 13 de novembro de 1989. A escolha desta data é uma homenagem ao conservacionista norte-americano Hugh Hammond Bennett (1881 – 1960), considerado o “pai da conservação do solo” nos Estados Unidos e um modelo para todas as outras nações. Juntamente com a celebração desta data, é necessário ressaltar a importância do solo nas diversas ações que estão sendo planejadas e executadas por diferentes iniciativas dentro da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021-2030).
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura estima que 33% dos solos do mundo e 52% dos solos agrícolas estão degradados, principalmente por erosão, compactação e contaminação. Estes dados são preocupantes, uma vez que o solo fornece diversos serviços ecossistêmicos e tem papel chave na mitigação das mudanças climáticas e na restauração de ecossistemas. Entre os aspectos chaves do solo destacam-se a base para a produção de alimentos, a atuação como filtro e reservatório de água, além de ser imprescindível para a existência humana e o desenvolvimento sustentável.
O solo é vivo e é a base de todos os ecossistemas. Em um ambiente degradado, a recuperação do solo é primordial e uma das primeiras etapas da restauração. O movimento global Save Soil coloca como foco geral a incorporação de matéria orgânica no solo. Assim, as atividades de recuperação e conservação têm como estratégia central a inserção de resíduos vegetais, a diversificação de espécies visando a rápida cobertura do solo e a manutenção da atividade microbiana.
Por meio do correto manejo do solo é possível acelerar a resolução de diferentes problemas ecológicos, uma vez que solos saudáveis produzem plantas saudáveis, animais saudáveis, água saudável e clima saudável.
O processo de recuperação ambiental só é iniciado após a liberação das áreas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e demais órgãos públicos, que ocorre por trechos. Quando a área é liberada e o rejeito é removido chega-se a “Cota Zero”, ou seja, área com a presença de terreno natural. Neste momento são iniciados estudos para caracterização, reconformação e recuperação dos solos. Atualmente, na área diretamente atingida pelos rejeitos, 3,3 ha já foram liberados e já se encontram em processo de recuperação desde 2020. Outros 3 ha terão a recuperação iniciada em 2022. De maneira geral, o processo de recuperação é iniciado com a remoção dos rejeitos, limpeza da área, reconformação, semeadura e plantio de espécies arbóreas. Além da inserção de abrigos para atração de fauna.
O expressivo volume de dados obtidos em estudos e em diversas campanhas de monitoramento nos permite avaliar de forma satisfatória o andamento das atividades de recuperação da área impactada, em especial sobre a qualidade dos solos que constitui um componente fundamental no processo de recuperação ambiental. Sua futura contribuição para importantes serviços ecossistêmicos trará benefícios diretos para a qualidade ambiental e, consequentemente para a saúde e qualidade de vida dos seres vivos”.
*Por Professor Igor Assis ( Departamento de Solos/UFV e Diego Aniceto ( Analista ambiental da Vale).
Foto: CPT e UFMG