O dólar chegou a superar 5 reais na manhã desta quinta-feira, mas reduzia a alta após ação do Banco Central, com os mercados tomados pela aversão a risco depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, proibiu viagens da Europa para os Estados Unidos, agravando as preocupações sobre o impacto econômico do coronavírus.
Às 11:03, o dólar avançava 3,93%, a 4,9060 reais na venda após dois leilões de dólar à vista pelo BC, mas chegou a tocar o recorde histórico de 5,0287 reais na máxima do dia.
O salto do dólar seguia restrições abrangentes de Donald Trump a viagens da Europa para os EUA, obrigando passageiros a remarcar voos e deixando os mercados globais em pânico conforme as medidas de prevenção contra a doença afetam as cadeias de suprimento globais, elevando os riscos de uma recessão econômica.
Ontem, a OMS reconheceu a enfermidade como uma pandemia, o que serviu para aprofundar o sentimento de fuga do risco pelos investidores. Além disso, a proibição dada pelo presidente norte-americano (…) serve para aprofundar ainda mais o desmonte dos mercados.’
Somado à tensão internacional, o ‘fato de Congresso e governo domésticos estarem em conflito aumenta pressão’ sobre o real, de acordo com Jefferson Laatus, sócio fundador do grupo Laatus.
O Congresso Nacional derrubou na quarta-feira veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), em um momento de acirramento da relação entre o Congresso e o Executivo tendo como pano de fundo a disputa pelo controle de recursos relacionados ao Orçamento Impositivo.
Na semana passada, questionado por jornalistas sobre a possibilidade de a cotação do dólar chegar a 5 reais, o ministro da Economia, Paulo Guedes havia dito que ‘muita besteira’ deveria ser feita para patamar poder ser alcançado.
Nesta quinta-feira, Guedes disse que falou ‘no sentido de besteira cometida por presidente, ministro, oposição, Congresso, e é exatamente sinal como esse’.
Em meio à disparada da moeda norte-americana, o Banco Central realizou nesta quinta-feira leilão de venda à vista de até 2,5 bilhões de dólares, em que vendeu 1,278 bilhão de dólares depois de cancelar o anúncio de venda de até 1,5 bilhão de dólares feito no dia anterior.
Depois de não conseguir vender o total da oferta, o BC anunciou novo leilão de até 1,25 bilhão de dólares em moeda à vista, vendendo apenas 332 milhões de dólares e, em seguida, outro leilão de até 1 bilhão em que nenhuma proposta foi aceita.
‘O Banco Central não conseguiu vender tudo ofertado nos leilões porque não há demanda na ponta à vista. Está tendo demanda no (dólar) futuro, uma medida de proteção’, disse Jefferson Laatus.
‘Muita coisa vai acontecer ainda no dia de hoje, e a tendência é ver o BC fazendo vários leilões.’
Na última sessão, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,61%, a 4,7207 reais na venda, segunda mais alta cotação de fechamento da história. Esta é o 15° pregão de alta do dólar em 17 sessões.
Na manhã desta quinta-feira, o Ibovespa caiu 15%, logo após o retorno do terceiro circuit breaker e a Bolsa acionou o quarto circuit breaker na semana
*com informações da Reuters