Em crise, Argentina limita compra de dólares para conter desvalorização do peso

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O governo da Argentina lançou neste domingo (9) uma série de restrições cambiais para conter a alta do dólar e a fuga de capitais, numa tentativa de recuperar a estabilidade financeira do país após três semanas de fortes turbulências na economia que resultaram em uma desvalorização acentuada do peso argentino.

O país limitou a compra de dólares por pessoas físicas e ordenou que as empresas estrangeiras liquidem no mercado local as divisas obtidas em transações externas, em meio a uma série de medidas válidas até 31 de dezembro.

Cada pessoa física poderá comprar no máximo 10 mil dólares por mês. Para somas que excedam esse valor será necessária autorização prévia. Não haverá limites para retiradas em dólares de contas bancárias de pessoas físicas, e não serão impostas restrições a turistas.

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O limite de 10 mil dólares por mês também é válido para as transferências para contas no exterior. O decreto assinado pelo presidente Mauricio Macri, publicado no do Diário Oficial, determina que as medidas entrassem em vigor nesta segunda-feira (2), quando as operações financeiras fossem retomadas.

O decreto afirma que “o Executivo viu a necessidade de adotar uma série de medidas extraordinárias para garantir o funcionamento normal da economia, sustentar o nível de atividade e emprego e proteger os consumidores”.

Na semana passada, o ministro das Finanças, Hernán Lacunza, já havia anunciado uma série de medidas para tentar prolongar os prazos de pagamento das dívidas a credores privados e ao Fundo Monetário Internacional. As ações do governo, cujo objetivo era preservar as reservas do Banco Central, foram consideradas por vários analistas como uma espécie de moratória.

Protestos contra reformas e política econômica do governo de Macri mobiliza população argentina desde o ano de 2018

As restrições foram impostas após o chamado “agosto negro” para os mercados, deflagrado pela vitória do oposicionista Alberto Fernández,  candidato presidencial da aliança Frente de Todos, nas eleições primárias para a Presidência, com 47,78% dos votos contra 31,79% de Macri. O resultado gerou pânico entre muitos investidores e desencadeou a alta do dólar, que chegou a aumentar 35,8%.

Na semana passada, o valor do peso caiu 7,05%, fechando a sexta-feira em 61,55 pesos para 1 dólar, em meio a intervenções do Banco Central de mais de 300 milhões de dólares diários que não conseguiram estancar a queda da moeda argentina. Para Lacunza, as novas medidas tendem a estabilizar a cotação até o término do mandato de Macri, no dia 10 de dezembro. Abr

Foto: Telam, Marcelo Casal e Alba Movimentos