Em vez de comentar atrito com ministro, o presidente mirou Tedros Ghebreyesus e disse que ‘não tem cabimento’ que ele seja diretor da OMS
Carta Capital – Em transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quinta-feira 23, o presidente Jair Bolsonaro decidiu deixar de lado a crise interna do Palácio do Planalto com o ministro da Justiça, Sergio Moro. Horas antes, o ex-juiz da Operação Lava Jato avaliava sair do governo, caso Bolsonaro decidisse demitir o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
O alvo de Bolsonaro desta vez foi o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. O presidente da República afirmou que “não tem cabimento” que Ghebreyesus ocupe o cargo de diretor da entidade por não ser formado em Medicina.
Bolsonaro reclamava sobre a pressão que tem recebido por não cumprir as orientações de isolamento e de distanciamento social da OMS. O presidente se queixou por ser alvo de acusações de “genocídio”, ao se preocupar com a economia em meio à pandemia de coronavírus, em vez de focar em salvar vidas.
“Estou sendo acusado de genocídio por ter defendido uma tese diferente da OMS. O pessoal fala tanto em seguir a OMS, né? O diretor presidente da OMS é médico? Não é médico. Sabia disso?”, afirmou Bolsonaro ao presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que estava ao seu lado.
Em seguida, Bolsonaro comparou Ghebreyesus a alguém que dirige um banco e não é formado em economia.
“É a mesma coisa que falar, aqui no Brasil, que o presidente da Caixa não fosse alguém da economia. Aí não tem cabimento. Se eu fosse presidente da Caixa, com todo o respeito, eu não ia fazer nada lá. Se você viesse para o Exército, você não ia fazer nada no Exército. Então, o presidente da OMS não é médico. Não é médico, tá certo?”, declarou.
De fato, a graduação de Ghebreyesus não é em Medicina, mas ele ostenta uma longa carreira como profissional de saúde.
O diretor da OMS se formou em Biologia, em 1986, na Universidade de Asmara, na Eritreia. Na década de 1990, estudou doenças infecciosas na Universidade de Londres, no Reino Unido, e nos anos 2000 tornou-se doutor em Saúde Pública. Entre 2005 e 2012, atuou como ministro da Saúde da Etiópia e teve a oportunidade de expandir o sistema de saúde do país.