A mostra apresenta parte do acervo pessoal do artista disponibilizado pela família, com obras fortes e sensíveis de personagens ouropretanos realizadas ao longo de sua carreira de 40 anos, além de depoimentos de amigos e admiradores.
O trabalho tem um cunho de memória social, na medida em que referencia a expressão da cultura ouropretana. Marias, Josés, Joaquims que se fundiram no mito da cidade majestosa. Naldo fala por meio do pincel: rostos por vezes anônimos na grandiosidade do patimônio mundial.
Na estética do seu trabalho, Naldo destacava os braços fortes, as mãos calejadas e os pés descalços no labor. Via nessa alma mineira a simplicidade, a beleza, a verdade do ser e do fazer, essa alma cheia do amor à natureza e do conhecimento empírico. Naldo lhes confere voz, resgata o valor por meio da memória, e dá-lhes pertencimento, como se “tronasse” esses personagens. Para o artista, essas pessoas eram reis e rainhas, continham um universo único. Na maneira de ver a vida, ele vai encontrar no outro a expressão da sua própria imagem.
O artista viveu um amor em Ouro Preto e um amor com Ouro Preto. Deu à cidade uma conotaçāo feminina: conhecia suas curvas e como se acentuavam de acordo com as estaçōes do ano. Ao longo dos 40 anos de carreira, estabeleceu-se em quatro ateliês, onde produziu e lecionou, casou-se, teve duas filhas e quatro netos. Naldo pintou seu último quadro em 2014, ano de seu falecimento: um auto retrato inacabado, apresentado na mostra.
No fim de sua vida, ficou claro sua aproximação com essas Marias e Josés, vivendo ele de maneira simples, com o amor à natureza e aos animais, com a caridade e a generosidade para com o outro. Um conquistar cheio de pertencimento realizado em si mesmo, que era desnecessário provar-se e inserir-se em protocolos sociais.
A mostra Ver com a Alma será inaugurada em 10 de janeiro, sexta-feira, às 19h, e permanecerá aberta ao público até o dia 16 de fevereiro.
