Homenageado em ato, padre Julio Lancellotti diz que possível CPI não enfraquece seu trabalho

Religioso é alvo de ataques de vereadores de SP que tramam uma Comissão para investigar ações na Cracolândia

Homenageado em ato, padre Julio Lancellotti diz que possível CPI não enfraquece seu trabalho
Padre recebeu centenas de fieis a apoiadores durante a missa deste domingo (14) - Lucas Weber/BdF
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A Paróquia São Miguel Arcanjo, localizada no coração de São Paulo, prestou hoje, 14, uma homenagem ao padre Julio Lancellotti. O objetivo desse ato foi mostrar apoio ao líder religioso, que tem sido alvo de ataques por parte de vereadores da cidade que estão articulando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação de ONGs na região conhecida como Cracolândia. O vereador Rubinho Nunes (União) é um dos defensores dessa CPI, que tem como foco principal o padre Julio Lancellotti, o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto e o coletivo A Craco Resiste. É importante ressaltar que Nunes é ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).

Apesar dessas investidas, o padre Lancellotti não teme que a CPI possa enfraquecer seu trabalho. Em suas palavras: “Toda CPI que for correta e adequada está dentro do papel do legislativo, o poder legislativo deve fazer CPIs. O que não pode é focar em determinadas pessoas e cometer certos abusos de autoridade”. Lancellotti, que é padre da paróquia de São Miguel Arcanjo, na Mooca, é conhecido por sua atuação em defesa da população em situação de rua, sendo um integrante importante da Pastoral do Povo de Rua.

No evento deste domingo, centenas de pessoas se reuniram para prestar apoio ao padre Lancellotti, contando com a presença do ex-senador e atual vereador Eduardo Suplicy (PT). Cartazes foram erguidos durante a missa, defendendo a atuação do religioso. Sobre a oficialização da candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) para prefeitura de São Paulo, com Marta Suplicy como vice, Lancellotti preferiu não comentar. No entanto, é importante ressaltar que essa aliança teve influência do presidente Lula nos bastidores. Marta Suplicy, para assumir esse compromisso, se desligou da secretaria que comandava na atual prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), que pretende se lançar à reeleição.

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Nos últimos dias, Lancellotti tem recebido apoio de figuras públicas e lideranças políticas nacionais, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que publicou um texto reconhecendo o trabalho do padre. A chamada CPI das ONGs ganhou grande repercussão depois que o vereador Rubinho Nunes afirmou que colocaria padre Julio “no banco dos réus” contra a “máfia da miséria”. Apesar da pressão, sete vereadores tentaram voltar atrás na assinatura do requerimento da CPI, mas a proposta já foi protocolada e precisa de 28 votos para ser instalada na Câmara Municipal de São Paulo.

Durante a missa, padre Lancellotti fez uma reflexão poderosa: “Temos que refletir: onde estaria Jesus hoje em dia? Estaria em uma cobertura luxuosa em São Paulo? Não, ele estaria no meio do povo, caminhando com aqueles que são excluídos, preteridos”. Ele ressaltou que a salvação não está em morrer de fome para ser feliz, mas sim na vida digna para todos, na luta pela igualdade e por pão para todos. Suas palavras arrancaram aplausos do público presente.

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