Índice Bovespa despenca 14,78% em sessão com quase 3 circuit breakers

Publicidade _

A bolsa paulista teve mais uma sessão de fortes perdas nesta quinta-feira (12), tendo acionado o circuit breaker por duas vezes, o que não acontecia desde a crise de 2008. O Ibovespa fechou com o pior desempenho desde 1998, reflexo do clima de pânico nos mercados globais em torno da pandemia de coronavírus e da decisão de Donald Trump de cancelar todos os voos entre os Estados Unidos e Europa, entre outras medidas restritivas, o que tende a afetar ainda mais o ritmo das economias.

O presidente Donald Trump durante assinatura de memorando presidencial no Gabinete Oval da Casa Branca,ontem, sobre medidas contra o Covid-19 que se alastra nos Estados Unidos. Foto: Casa Branca by Tia Dufour

O tombo nesta véspera de sexta-feira 13 só não foi maior porque o Federal Reserve (Fed) de Nova York anunciou injeção de US$ 1,5 trilhão no sistema financeiro em um esforço para tentar acalmar investidores globais. Isso acabou evitando uma terceira suspensão dos negócios na B3 na mesma sessão.

Com a queda gigantesca, caiu a  72.582,53 pontos, no menor patamar desde 28 de junho de 2018. Todas as ações da carteira do índice fecharam em queda. O volume financeiro no pregão somou R$ 30 bilhões. Companhias aéreas tiveram perdas superiores a 30%.

O pregão foi suspenso já por volta das 10h20, por 30 minutos, após cair mais de 10% e depois, antes das 11h15, por uma hora, quando acelerou a perda a mais de 15%.

Pouco antes do anúncio do Fed, o Ibovespa renovou mínima da sessão, a 68.488,29 pontos, menor patamar intradia desde agosto de 2017, em queda de 19,59%, ameaçando o terceiro circuit breaker do dia. Se caísse 20%, a bolsa poderia determinar a suspensão dos negócios por um período por ela definido.

Março de 2020 ficará marcado na história da bolsa brasileira pelos vários circuit breakers. Foto: Cris Faga Getty imagem

Por volta do mesmo horário, a B3 também anunciou que estava mudando exclusivamente para essa sessão o limite de oscilação diária para o contrato futuro de Ibovespa dos atuais 10% para 15%. Por volta de 17h35, o contrato para abril do índice cedia 10,45%, a 72.125 pontos, no limite de baixa.

O Fed de Nova York anunciou que fará novas operações compromissadas, nesta semana, no montante de US$ 1,5 trilhão e começará a comprar uma série de vencimentos como parte de suas compras mensais de Treasuries.

O cenário político econômico no Brasil corroborou o clima negativo nos negócios, após o Congresso Nacional derrubar na quarta-feira veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), o que terá impacto estimado em R$ 20 bilhões no primeiro ano.

Ainda no panorama local, o presidente Jair Bolsonaro está sendo monitorando para o coronavírus, após o secretário especial de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, testar positivo para o vírus. O secretário fez parte da comitiva presidencial de Bolsonaro aos EUA, onde se encontrou com Trump.

Dólar

Depois de superar R$ 5 na cotação máxima do dia, o dólar fechou o rally valendo R$ 4,78, renovando recorde de fechamento.

Covid-19, Trump e problemas domésticos levaram Real a ter desvalorização de 20% neste ano. Foto: Jorge Araújo.

Pela manhã ela saltou 6% na abertura, mas desacelerou com anúncio de leilões extras do Banco Central de venda de mais 2,5 bilhões de dólares das reservas brasileira e a disponibilização de mais de 1 trilhão de dólares pelo Federal Reserve norte-americano, como incentivo para combater os efeitos do Covid-19 nos EUA.

Neste ano, a desvalorização do real frente ao dólar chegou a 19,41%.

Já o dólar turismo fechou a R$ 5,0033, sem considerar a cobrança de IOF. Nas casas de câmbio, o dólar chegou a ser vendido acima de R$ 5,10, com a cotação para compra em cartão pré-pago superando R$ 5,30.

Publicidade