Itaipu: Acordo é anulado, mas crise continua

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Acusado de entreguista pelos paraguaios e enfrentando forte crise de desconfiança, o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, acordou com o governo brasileiro a anulação da ata sobre compra de energia da usina de Itaipu, assinada em maio.

Nesta quinta-feira (01) a imprensa do país vizinho divulgou que o embaixador do Brasil no Paraguai, Carlos Alberto Simas Magalhães, assinou em Assunção um documento em que o Estado brasileiro reconhece a decisão do Estado paraguaio de anular a renegociação que faria o país vizinho pagar mais caro pela energia da usina binacional.

Segundo o ministro das Relações Exteriores paraguaio, Antonio Rivas Palacios,  as negociações a respeito voltam à estaca zero.

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Impeachment

Ontem, partidos de oposição a Benítez  anunciaram que apresentariam um pedido de impeachment contra Abdo e o vice-presidente Hugo Velázquez  devido à assinatura do acordo, considerado obscuro e lesivo aos interesses do país, por elevar os custos para a empresa estatal de eletricidade do Paraguai em mais de US$ 200 milhões. O acordo foi tornado público apenas na semana passada, após decisão do senado paraguaio,

Nova ata

Com a nova ata, o Paraguai concordava em usar a energia garantida de Itaipu — mais cara que a excedente, que é usada hoje pelo país em maior proporção –, renunciando assim ao benefício que representava a compra dessa energia adicional, mais barata.

O Brasil é responsável pelo consumo de 93% da energia da usina, e compra o excedente da parte que caberia ao Paraguai.

A oposição paraguaia questiona a venda dessa energia “a um preço ridículo”, segundo afirmou o parlamentar Ricardo Canese, que pertence ao partido Frente Guasú (Frente Grande).

De acordo com o cientista político Miguel Carter, “o Paraguai deixou de receber US$ 75 bilhões por não vender a preço de mercado, desde que a usina começou a operar em 1984”, segundo cálculo feito a partir de dados oficiais.

Grande Atenção

O Ministério das Relações Exteriores informou hoje (1) que acompanha “com grande atenção” os desdobramentos da crise política no Paraguai.

“O Brasil acompanha com grande atenção os acontecimentos no Paraguai que envolvem o processo de “juízo político” contra o presidente Mario Abdo Benítez”, diz o comunicado do Itamaraty.O caso, que resultou na renúncia do chanceler Luis Castiglioni e do embaixador paraguaio no Brasil Hugo Caballero, aumentou a pressão sobre o presidente Mario Abdo Benítez, que corre o risco de sofrer um processo de impeachment.

Pesou nas demissões a acusação de que a ata do acordo havia sido debatida e aprovada sem a devida transparência.

Ao comentar o acordo e as repercussões políticas no Paraguai, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse que está afinado com Benítez e que “o problema do Paraguai é que o impeachment se faz em 72 horas”.

Para alívio de Jair Bolsonaro,  Mario Abdo Benítez foi salvo hoje (01) do processo de impedimento após um partido decidir um apoiar mais a ideia e em discurso, após a decisão, disse: “Peço desculpas se eu estava errado”

Entre apoiadores ele se expressou depois de uma semana calado e também afirmou: “Estamos errados e continuaremos a cometer erros, mas nunca faremos isso de má-fé, muito menos negociaremos com o futuro da nação paraguaia”, além de pedir aos cidadãos tenham fé.

Foto: presidência da república/Paulo Fridmman Getty images

 

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