No próximo sábado, 8 de junho, das 11h às 14h, a jornalista e escritora belo-horizontina Júlia Moysés lança seu primeiro livro de ficção “O desaparecimento dos peixes” (Cas’a Edições).
O lançamento acontece no espaço A’mais (Avenida Brasil, 75, Casa 2, Santa Efigênia), com entrada gratuita.
Os livros estarão à venda a R$60 no local e, posteriormente, pelo site casaedicoes.com .
Júlia Moysés é idealizadora e editora dos livros Percursos do Sagrado: Irmandades do Rosário de Belo Horizonte e Entorno (2012) e Mulheres Reinadeiras: rainhas, capitãs e cozinheiras de Irmandades do Rosário de Belo Horizonte (2023), e coeditora da publicação cultural Revista Marimbondo.
Em “O desaparecimento dos peixes” a autora traz referências da cultura afromineira, dos congados e reinados, de outros elementos da religiosidade e da cultura popular brasileira e do pensamento do mestre quilombola Nego Bispo, morto em 2023.
O livro começou a ser escrito durante a pandemia de Covid-19 e também tem sua narrativa atravessada por uma misteriosa doença.
A preparação de originais foi do escritor e dramaturgo Pedro Kalil, a coordenação editorial da editora Maraíza Labanca e o projeto gráfico das designers Mariana Misk (Oeste) e Fernanda Gontijo.
O livro, realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, contou, ainda, com a consultoria do antropólogo Rafael Barros e do mestre Pai Ricardo de Moura.
O desaparecimento dos peixes, por Pedro Kalil
“Uma nova forma totalitária de governo se impõe a um pequeno vilarejo, mudando suas formas de vida e suas relações com a terra, os animais e o que está além. Logo depois, os peixes desaparecem e surge uma doença misteriosa que faz com que as pessoas também sumam. É nesse contexto que Júlia Moysés desenvolve seu primeiro romance, encontro da palavra escrita com formas de vida e viver.
Uma galeria estimulante de personagens — o Zagal Interventor, Domingos, Rosa e outras e outros — vive em Monte Esperança, em uma constante tensão do povo com o novo poder que quer controlar tudo e todos.
Mas, mesmo com a tentativa de forçar o esquecimento, algo permanece. É revirando a terra e encontrando todas as sementes e brotos perenes que a força construtiva de O Desaparecimento dos peixes se dá a ver.
Ritos, mitos, plantas, animais, todo um saber desconsiderado e ocultado são a matéria de resistência a todo poder.
Se um dia Camus disse que o homem revoltado é aquele que diz não, aqui temos uma comunidade que diz não, apontando uma revolta necessariamente coletiva, que se constrói em solidariedade e que assume responsabilidades e consequências.
Por isso, o texto não é sobre um reencantamento do mundo, mas o encanto que nunca desapareceu, que persistiu: a ligação homem-natureza, o passado-presente, o eu-outro.
Uma escrita viva, uma literatura livre: caminhos que Júlia Moysés constrói para rearranjar o fantástico e as comunidades imaginadas da nossa América Latina.”
Foto: Elias Gibran