Lula debate reforma trabalhista com lideranças sindicais e políticas da Espanha

Naquele país ibérico, governo, trabalhadores e empresários entenderam que reforma trouxe prejuízos aos trabalhadores e à economia.

Espanha propõe reformar o que não deu certo. E priorizar as pessoas. Fiemg se manifesta contra.
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes das seis centrais sindicais brasileiras, do Partido dos Trabalhadores (Gleisi Hoffmann) e da Fundação Perseu Abramo (Aloizio Mercadante) fizeram uma reunião-seminário com representantes do governo e legislativo espanhol e do PSOE sobre a revisão da reforma trabalhista de 2012 no país europeu, feita a partir de um pacto entre governo, trabalhadores e empresários.

A reunião dá continuidade a encontros de Lula com a vice-presidente do governo espanhol, Yolanda Díaz, e também uma reunião com as centrais sindicais espanholas em 19 de novembro.

Os representantes do governo espanhol participaram da reunião à noite, fora do horário de trabalho do governo. Participaram da reunião, entre outros, José Luis Escrivá, ministro da Inclusão, Migrações e Seguridade Social, Borja Suárez Corujo, diretor-Geral de Organização da Securidade Social, além de representantes do PSOE, do Congresso e Senado Espanhol, e das centrais sindicais espanholas, Jesús Galego, da UGT, e Cristina Faciaben, das Comissões Obreras.

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Os espanhóis expuseram a experiência do debate público para a revisão e recuperação de direitos que tinham sido perdidos na reforma feita na Espanha, em 2012, com o objetivo de atingir uma remuneração justa.

O salário mínimo na Espanha aumentou 38% desde a chegada do primeiro-ministro Pedro Sánchez ao poder. ABC/es

O ministro Escrivá fez uma apresentação sobre “Políticas econômicas para uma sociedade mais justa e inclusiva”, sobre a reforma, mas também sobre o crescimento do investimento em saúde e educação, valorização do salário mínimo e uma garantia de uma renda mínima para as famílias da Espanha.

O ministro apontou que a precarização das leis trabalhistas leva à redução da qualificação da força de trabalho, o que atrasa o desenvolvimento do país e a geração de empregos de maior qualidade.

“É uma mentira que a competitividade de um país seja conseguida reduzindo salários. Se consegue com salários melhores combinados com a qualificação da mão de obra.”

O ministro reforçou que a reforma espanhola contou com um amplo consenso construído pelo governo com a sociedade civil, sindicatos e empresários. E que o governo Lula no Brasil também serviu de inspiração para o PSOE na Espanha. Os dois lados conversaram de seguir aprofundando o intercâmbio e o diálogo sobre melhoria da legislação trabalhista.

As centrais sindicais brasileiras foram representadas por Sergio Nobre, da CUT, Miguel Torres, da Força Sindical, Ricardo Patah, da UGT, René Vicente, da CTB, e Moacyr Roberto Tesch Auersvald, da Nova Central Sindical, e Edson Carneiro Índio, da Intersindical).

Da Redação
Não será fácil para Lula, caso vença o pleito presidencial, convencer pela necessidade do pacto um setor da sociedade brasileira.
Sob sua possível liderança no governo, haverá de certo o apoio dos trabalhadores e centrais sindicais, ansiosos por algum alívio nos salários, além de oportunidades de mais e melhores empregos.
Isso pode significar a picanha mais presente, a cervejinha mais gelada e a conta de luz menos quente. Também pode ser a vez de abastecer, sem xingar, o carrinho. Algo mais para quem gosta de avião ou quem precisa de uma casa para morar.
Mas, no meio do caminho tem uma enorme pedra: Nesta manhã (12) o presidente da FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais), Flávio Roscoe se posicionou sobre a proposta da revisão da reforma trabalhista.
Segundo ele, os direitos trabalhistas continuam. Também considerou ser “leviano” mexer nisso.
Ele alegou que se não houvesse a reforma trabalhista de Temer em 2017, “milhões de brasileiros seriam demitidos (na pandemia) e justificou: ” Eles (os trabalhadores) não compareceriam para trabalhar e seriam demitidos”.
Para enfrentar esse tipo de pensamento ou esses argumentos, Lula terá de se desdobrar para defender sua proposta neste setor.


OBS:

Vale lembrar que o sistema FIEMG doou milhares de equipamentos, respiradores e outros instrumentos, durante o ano de 2020 a instituições e governos no combate ao novo coronavírus.
Apoiou, montou e desmontou hospitais de campanha.

Ajudou a definir quais seriam os setores essenciais a funcionar durante a pandemia no território mineiro. Entretanto, pouco ou nada fez diante do que poderia fazer para convencer os governos federal e estadual a comprarem vacinas para que todos pudessem ser imunizados e trabalhar.
A interpretação do presidente da FIEMG sobre as demissões de trabalhadores na pandemia mostra o quanto almejam o bem estar de seus colaboradores.

Foto: Ricardo Stuckert

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