Lula e Alckmin são diplomados no TSE

A sessão solene de diplomação protagonizou o repúdio institucional da intenção de não reconhecimento do resultado eleitoral incentivada pelo bolsonarismo.

Lula agradeceu aos brasileiros por ter "reconquistado a democracia" e afirmou que “o povo brasileiro é maior do que qualquer pessoa que tentar o arbítrio nesse país”. Na imagem, Lula com o diploma de presidente eleito, ao lado do Presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.
Publicidade _

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez a cerimônia de diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.

O evento começou às 14h25 e foi realizado no plenário do TSE, em Brasília. Cerca de 400 convidados estavam presentes, entre eles, parlamentares, ministros de tribunais superiores e representantes de governos estrangeiros. Os ex-presidentes José Sarney e Dilma Rousseff também participaram da cerimônia.

Do lado de fora, forte esquema de segurança foi montado para proteger a sede da Corte.
A cerimônia começou com a execução do Hino Nacional pela banda dos Dragões da Independência, do Batalhão da Guarda Presidencial.

Publicidade
_

Em seguida, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, entregou os diplomas para Lula e Alckmin. Após receber o documento das mãos de Moraes, o presidente eleito discursou e afirmou que seu antecessor destruiu as políticas públicas.
Lula se comoveu e deixou de lado por um tempo seu discurso escrito para evocar seus 580 dias preso em uma cela na cidade de Curitiba após ser condenado pelos promotores da Operação Lava Jato e pelo ex-juiz Sérgio Moro em processo que foi anulado por manipulação política e do direito.

“Quero me desculpar pela emoção. Quem passou pelo que passei nos últimos anos, estar aqui agora, neste lugar, é a certeza de que Deus existe. Sei o quanto custou, não só para mim, mas para o povo brasileiro, a espera pela reconquista da democracia”, disse Lula.
“Reafirmo hoje que farei todo o possível, juntamente com meu colega Geraldo Alckmin, para cumprir o compromisso que assumi não só durante a campanha, mas ao longo da minha vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, principalmente para os mais necessitados”, afirmou.

Lula enfatizou que sua eleição fez parte da “celebração da democracia”, que “como poucas vezes na história foi tão ameaçada”, e destacou a “coragem” do Supremo Tribunal Federal e do TSE, que enfrentaram “toda sorte de ofensas, ameaças e ataques para afirmar a soberania do voto popular”.

Ele garantiu, sem citar o nome de Bolsonaro, que o Brasil “foi envenenado com mentiras produzidas pelo crime organizado nas redes sociais”.

Em mais um passo sobre a tendência do governo eleito de evitar qualquer tipo de contemplação com a gestão cessante em termos de administração pública, Lula disse que a equipe de transição detectou um ” legado perverso, que recai principalmente sobre a população mais carente, ao qual soma-se o ataque sistemático às instituições democráticas”, disse Lula.
O ex-presidente Lula também fez uma leitura sobre o estado da democracia globalmente, especialmente no Ocidente.

“Na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos, os inimigos da democracia se organizam e se movimentam. Usam e abusam dos mecanismos de manipulação e mentira, disponibilizados pelas plataformas digitais que agem de forma gananciosa e absolutamente irresponsável. A máquina que ataca a democracia não tem país nem fronteiras”, disse.

Por isso, apelou a lutar nas “trincheiras da governação global, através de tecnologias avançadas e de uma legislação internacional mais rigorosa e eficiente”.

“Que fique bem claro: jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão, mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e manipulações que levem ao ódio e à violência política”, disse Lula.
Antes de encerrar o evento, Alexandre de Moraes também discursou, quando afirmou que “quem atacou a democracia vai responder”, em alerta à extrema-direita de Bolsonaro, que, segundo ele, disseminou desinformação e discurso de ódio buscando alterar o resultado eleitoral com a divulgação de informações e notícias falsas.

A diplomação é uma cerimônia organizada pela Justiça Eleitoral para formalizar a escolha dos eleitos nas eleições e marca do fim do processo eleitoral. Com o diploma eleitoral em mãos, os eleitos podem tomar posse no dia 1° de janeiro de 2023.

Foto: Ricardo Stuckert e AFP

Publicidade