O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira (30) providências urgentes para impedir o tráfego aéreo e fluvial de garimpeiros em territórios Yanomami, em Roraima. O objetivo é retirar o quanto antes os mais de 60 mil criminosos que levaram violência, doenças e mortes à terra indígena. Com suas máquinas desmatam a floresta, espantam animais e contaminam os rios com o mercúrio que usam na extração do ouro. A substância contamina alimentos, adoece e mata.
Em reunião com sete ministros e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, o presidente Lula ordenou ações urgente para estancar “a mortandade e auxiliar as famílias Yanomami”. Os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Defesa, José Múcio, deverão voltar a se reunir para alinhar estratégias de combate ao garimpo.
Em outra frente, por meio de portaria assinada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, o governo federal criou um grupo de trabalho que terá 60 dias para propor ações. Entre elas, para barrar a entrada de pessoas sem autorização para conter as atividades ilegais e a disseminação de doenças. Publicada nesta segunda-feira (30), a portaria leva em consideração a situação de emergência do povo Yanomami, marcada pela fome, desnutrição e morte causada pelo garimpo.
Operação de guerra em defesa da terra Yanomami
Segundo fontes do governo adiantaram ao colunista do portal UOL Leonardo Sakamoto, deverão ser mapeados os garimpos e o seu fluxo logístico de mão dupla, para um cerco aos garimpeiros. De um lado, de onde vem o combustível, equipamentos, armas, munições, bebidas alcoólicas e alimentos das vilas e cidades para o garimpo. De outro, para onde vão o ouro e outros minerais preciosos no Brasil e no mundo.
O colunista defende que o governo ataque os lucros da cadeia da atividade, citando investigações da organização Repórter Brasil que mostrou que ouro retirado ilegalmente da terra Yanomami e Munduruku é vendido em cidades como Boa Vista, Manaus e Itaituba (PA). E de lá, segue para o mercado interno e externo. A extensa cadeia produtiva termina em joalherias e empresas de tecnologia como Amazon, Alphabet (Google), Apple e Meta (Facebook), lembrou.
Tudo isso é preciso, segundo lembrou, porque não adianta bombardear as pistas de pouso ilegais de aviões. Além de serem recompostas ou substituídas, são incontáveis. Levantamento do jornal The New York Times, a partir de imagens de satélite, mostra que em 2022 havia mais de 1,2 mil pistas clandestinas na Amazônia.