“Melindra apoio importante”, disse Moro sobre Lava Jato investigar FHC

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O portal The Intercept divulgou na noite desta 3ª feira (18/06) novas conversas entre o ministro Sergio Moro (Justiça) e o procurador da República Deltan Dallagnol. Nos diálogos, o então juiz federal sugere que uma investigação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na operação Lava Jato seria pouco relevante.

Em 13 de abril de 2017,  primeiro dia depois de o Jornal Nacional veicular reportagem sobre acusações contra o ex-presidente na Lava Jato, Moro questiona Dallagnol: “Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco? Caixa 2 de 96? Não estaria mais do que prescrito?”.

O procurador responde: “Foi enviado para SP sem se analisar prescrição. Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade”. Moro, então, arremata: “Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante”.

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Eis as conversas:

Ministro da justiça, Sérgio Moro nega as denúncias do The Intercept. Foto: Lula Marques

Moro – 09:07:39 – Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco?
Moro – 09:08:18 – Caixa 2 de 96?
Dallagnol – 10:50:42 – Em pp [princípio] sim, o que tem é mto fraco
Moro – 11:35:19 – Não estaria mais do que prescrito?
Dallagnol – 13:26:42 – Foi enviado pra SP sem se analisar prescrição
Dallagnol – 13:27:27 – Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade
Moro – 13:52:51 – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante

Este é o 4º lote de conversas entre Moro e Dallagnol divulgado pelo Intercept. O primeiro foi mostrado em reportagem de 9 de junho. Nele, o então juiz parece direcional o procurador em operações da força-tarefa da Lava Jato. No segundo, mostrado pelo editor-executivo do Intercept, Leandro Demori, à rádio BandNews FM, Moro e Dallagnol dizem confiar no apoio do ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal). Já no terceiro, divulgado na última 6ª feira (14.jun), Moro orienta o MPF a emitir uma nota para rebater o que chamou de showzinho da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde a primeira reportagem, Moro nega qualquer ilegalidade nas conversas. O MPF, por sua vez, diz que a Lava Jato é imparcial. Ambos ainda atribuem o vazamento das conversas à ação de hackers.

Deltan Dallagnol, membro da força tarefa da lava jato.

Em nota divulgada depois da publicação da reportagem desta terça-feira, o Ministério da Justiça diz que Moro “não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos” e nega qualquer interferência no caso envolvendo FHC.

Eis a íntegra da nota de Moro

“Sobre as supostas mensagens divulgadas, esclarecemos:
– O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido editadas e manipuladas, e que teriam sido transmitidas há dois ou três anos.
– Nunca houve interferência no suposto caso envolvendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi remetido diretamente pelo Supremo Tribunal Federa a outro Juízo, tendo este reconhecido a prescrição.
– A atuação do Ministro como juiz federal sempre se pautou pela aplicação correta da lei a casos de corrupção e lavagem de dinheiro.
– As conclusões da matéria veiculada pelo site Intercept sequer são autorizadas pelo próprio texto das supostas mensagens, sendo mero sensacionalismo.”

Agenda

Nesta quarta-feira (19), às 9h, a CCJ do Senado Federal ouve Sergio Moro, sobre as denúncias do The intercept

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