Moradores de Barão de Cocais reclamam de falta de informação correta

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A falta de informação sobre a situação real da cidade é o principal problema relatado pelos moradores de Barão de Cocais, durante visita que a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou ao município, nesta terça-feira (4).

As deputadas Leninha (PT), presidente da comissão, e Andreia de Jesus (PSOL) e os deputados Celinho Sintrocel (PCdoB) e Betão (PT) ouviram vereadores na Câmara Municipal, moradores e empresários, além de verificarem in loco o entorno da comunidade do Socorro e da mina Gongo Soco, da mineradora Vale.

Os deputados não foram recebidos pelo prefeito Décio Santos. A prefeitura informou que não houve convite ao prefeito. O vereador João Batista Pereira disse que a população vive com medo e em alerta: “Estamos preocupados com o psicológico das pessoas, que estão ficando mais nervosas, tristes e deprimidas. Precisamos de ajuda do Governo Estadual”, reclamou o vereador. Na opinião dele, a Vale está fazendo muito pouco e agindo de maneira suja, ao invadir terrenos antes de ter autorização e fazer obras sobre as quais pouco se sabe. “Eles poderiam resolver muitas questões, pois têm poder, mas não o fazem”, explicou.

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Já os comerciantes estão divididos. Parte deles reclama da queda nas vendas de até 70%. “Praticamente, não trabalhamos mais. Quatro meses sem saber, sem dormir direito. Vivemos de economias, não temos mais fonte de renda”, protestou a cabeleireira Iriléia Machado. Ela disse que tem medo de andar pela cidade e além disso, não tem nenhuma respostas da Vale quanto aos prejuízos do comércio e das empresas em geral. “E os boletos continuam chegando enquanto não sabemos se a barragem vai romper ou não”, relatou 

“Lama teria que dar ré para chegar a Barão”, diz aposentado

O morador e aposentado José Nereu Rodrigues duvida que a lama de um possível rompimento da barragem na mina Gongo Soco atinja a sede da cidade de Barão de Cocais. “São 22 km até a cidade e a lama teria de dar a volta em três montanhas e dar uma ré para chegar até Barão. Eu, particularmente, não acredito que vai atingir a cidade. Mas tudo é especulação porque a Vale não nos conta nada. E a imprensa sensacionalista criou um mal-estar, piorando a situação”, frisou. 

Outra denúncia é a de que os moradores removidos de suas casas estariam vivendo com cerca de R$ 400 por família,  valor dado pela empresa e insuficiente para as despesas. Os moradores pediram, ainda, a reabertura de agência do banco Itaú.

Obra de contenção

Área próxima à barragem da Vale já está em obras para conter rejeitos da mineradora

Na visita ao entorno da mina perto da barragem, chamou a atenção dos parlamentares a obra que seria para contenção dos resíduos em caso de rompimento, além de dreno do rio São João, que passa dentro da cidade. Além disso, num trecho do suposto trajeto dos resíduos, estaria sendo construído um muro de 35 metros de altura e dez metros de comprimento, para contenção.

A deputada Leninha relatou que vai solicitar do Ministério Público urgência na substituição do promotor da cidade, que foi transferido para a comarca de Mariana e que só atenderá o município até 28 de junho. “Nessa situação específica, a população precisa do órgão mais do que nunca e, por isso, a cidade não pode ficar desassistida”, afirmou.

Da redação com informações da ALMG

Fotos: Sarah Torres

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