O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro denunciou o ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Preto, o ex-diretor da Delta Construções, Fernando Cavendish, e outras cinco pessoas pelos crimes de fraude à licitação, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, nas obras da Nova Marginal Tietê, em São Paulo.
Na condição de diretor de engenharia da Dersa, Paulo Preto foi o encarregado da construção das principais obras viárias dos governos do PSDB em São Paulo. Ele era responsável por assinar convênios, autorizar pagamentos, negociar com empreiteiras, mandar desapropriar áreas e bancar alterações nos projetos originais das obras.
“Para garantir a continuidade das obras, atender aos interesses partidários, conciliar as ambições dos empreiteiros pelas respectivas fatias do bolo de dinheiro público, Paulo Preto era quem tinha a última palavra nas licitações e contratos, organizava o esquema entre os competidores definindo previamente quem venceria cada lote, remunerando a cada um dos “players” e a si próprio, de acordo com sua própria vontade”, relata a denúncia.
Na licitação do lote 2 da Nova Marginal Tietê, as investigações identificaram que a diferença de preço entre as concorrentes era muito pequena e que não houve recurso por parte das licitantes vencidas. O Consórcio Nova Tietê, vencedor da concorrência, era formado pela Delta Construções e pela Sobrenco Engenharia e Comércio. O orçamento inicial da obra era de R$ 287.224.552,79. Ao longo dos dois anos em que a obra foi executada, foram realizados quatro aditivos que elevaram em cerca de 25% o valor global do contrato, cujo valor final de R$ 358.847.501,26, um aumento de R$ R$ 71.622.948,47.
Paulo Preto cobrava cerca de 6% do valor pago à Delta pela Dersa em propina. Ao longo da obra, foram pagos a ele R$ 21 milhões, além de R$ 8 milhões repassados antecipadamente para garantir o contrato.
foto capa: prefeitura de São Paulo