O muro da Praça do Povo está decorado com novas pinturas em grafite, exibindo uma série de nomes como Carolina, Teodorico, Leonora, Cipriano e outros, alguns acompanhados de informações como “casado com Ignácia”.
Com letras estilizadas de acordo com a cultura visual africana, retratando os nomes de negros e negras escravizados que trabalharam para o engenheiro francês Jean Monlevade, fundador da cidade.
Este projeto, intitulado “Alátúnṣe”, é uma iniciativa do Conselho Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Compir) e da Fundação Casa de Cultura de João Monlevade (FCC), em celebração ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
A proposta visa divulgar os nomes dos africanos e afrodescendentes que contribuíram, no século 19, para a fundação da cidade de João Monlevade, mas que foram negligenciados pela história.
Além disso, estão previstas ações educativas para disseminar o conhecimento sobre esses trabalhadores e trabalhadoras, com a inclusão de mais nomes nos próximos anos. A decoração natalina na praça temporariamente comprometerá a visualização dos nomes grafitados, mas o projeto terá continuidade.
Pesquisa
A pesquisa que deu origem ao projeto começou quando o jornalista Wir Caetano descobriu os inventários de Jean Monlevade e sua esposa, Clara Sofia, contendo os nomes dos escravizados. Após uma parceria com a Universidade do Estado de Minas Gerais, a FCC obteve acesso a esses documentos históricos, que foram fundamentais para a concepção do projeto “Alátúnṣe”.
O Projeto
A diretora-presidente da Casa de Cultura, Nadja Lirio Furtado, apresentou a proposta do grafite na Praça do Povo, escolhendo esse local para dar destaque à memória dos negros e negras que contribuíram para a construção da cidade. O projeto preenche uma lacuna na história local e marca de forma significativa o ano em que o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra se tornou feriado municipal e nacional.