A partir do dia 14 de dezembro de 2024, as seis janelas frontais do Museu da Inconfidência, uma construção monumental do final do século 18 localizada na Praça Tiradentes em Ouro Preto, serão cobertas por telas brancas equipadas com um dispositivo de bombeamento na parte superior, que irá derramar tinta vermelha.
Essa intervenção marca o início da exposição intitulada “Pranteio”, da renomada artista mineira Niura Bellavinha, que se torna a primeira mulher a realizar uma exposição individual na sede do Museu.
A proposta da mostra é oferecer uma perspectiva contemporânea sobre o passado, convidando os espectadores a refletirem sobre o Brasil atual e sobre o futuro que desejamos para o país. As janelas que “sangram” evocam tanto a história do Brasil Colônia quanto a realidade do século 21, trazendo à tona questões profundas sobre nossa herança colonial e as possibilidades de transformação para um futuro mais promissor.
Com cerca de 100 obras inéditas, a exposição “Pranteio” dá continuidade ao Programa de Intervenções de Arte Contemporânea do Museu da Inconfidência, sob a curadoria de Ana Avelar. Essa iniciativa tem promovido diálogos entre o acervo do museu e as criações de artistas contemporâneos consagrados, enriquecendo a experiência dos visitantes e estimulando reflexões sobre a arte e a história.
Niura Bellavinha utiliza técnicas inovadoras em suas pinturas abstratas, explorando escorrimentos e aspersão de pigmentos para criar obras de grande impacto visual. A artista produz suas próprias tintas a partir de pigmentos provenientes de rejeitos de mineração, como o óxido de ferro característico da região de Ouro Preto, e incorpora elementos simbólicos, como o pó de meteorito, em suas composições.
A exposição “Pranteio” viajará por diversas capitais do Brasil após sua temporada em Ouro Preto, com exposições previstas em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belém. Cada localidade receberá a mostra acompanhada de ações performáticas, ampliando o alcance e o impacto da obra de Niura Bellavinha.
A inauguração da exposição contará com três intervenções performáticas, incluindo a leitura de poesias e momentos de silêncio em homenagem às vidas perdidas no prédio que abrigou a casa de câmara e cadeia durante o período colonial. Através de sua arte, Niura Bellavinha convida o público a refletir sobre a história, a memória e o potencial de transformação que residem nas obras expostas no Museu da Inconfidência.