Em um período de 24 horas, menções a impeachment cresceram 432% nas redes sociais, com participação importante de representantes fora da chamada “esquerda”
Carta Capital – Com o Brasil ultrapassando a marca dos 205 mil mortos, o fim do auxílio-emergencial, o aumento do desemprego e a inépcia do governo de Jair Bolsonaro, as redes sociais, antes dominadas pelos bolsonarismo, têm se movimentado em sentido contrário com uma força inédita. As cenas lamentáveis de pacientes com Covid asfixiando em leitos de Manaus, fizeram com que as menções ao termo “impeachment” crescessem 432% nas últimas 24 horas. Desse total, apenas 9% eram de apoiadores do presidente Bolsonaro.
O levantamento da consultoria Arquimedes, obtido com exclusividade por CartaCapital, chama atenção pelo tamanho de menções em 24 horas: foram 270 mil posts até as 19h30 desta sexta-feira (15). Até as 21h, o volume de postagens chegou a 320 mil. A última vez que houve uma mobilização tão forte pelo impeachment de Bolsonaro foi na saída do ex-ministro Sergio Moro, em abril do ano passando, chegou a 225 mil posts.
Apesar da maciça participação da oposição, chama atenção o papel preponderante de atores fora desse agrupamento “político” nas redes. O ator Bruno Gagliasso e o humorista e apresentador Fábio Porchat influenciam a maior parte do grupo que pede o impeachment ou critica o presidente e o Ministério da Saúde.
“Os pedidos de impeachment ainda são predominantemente de perfis de esquerda, mas já se vê a presença de perfis de outros espectros políticos, como o MBL e o Vem Pra Rua. Outros são até de fora do espectro político do dia a dia como Fábio Porchat. O dia de hoje registrou recorde de menções pedindo impedimento do presidente”, explicou o sócio da consultoria Arquimedes, Pedro Bruzzi.
Desde quinta-feira, quando as cenas aterradoras de Manaus ganharam o mundo, vieram à tona postagens de parlamentares bolsonaristas pressionando e comemorando o recuo do lockdown pelo governador do Amazonas, Wilson Lima.
A medida teria evitado em parte o colapso da capital. As mensagens geraram revolta nas redes e insuflaram os pedidos de impeachment de Bolsonaro. Atualmente, 60 pedidos de impedimento foram protocolados no Congresso, mas nenhum foi pautado.