Para o Papa Francisco, a posse de armas nucleares pode levar a “chantagem repugnante”

As armas nucleares são um passivo caro e perigoso, um multiplicador de risco que proporciona apenas uma ilusão de uma espécie de paz, afirma o Papa.

Papa Francisco no Memorial da Paz em Hiroshima, durante viagem ao Japão em 2019. Para ele, respeitar acordos de desarmamento nuclear não é fraqueza, mas fonte de força.
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Em uma mensagem enviada à primeira reunião dos Estados Partes do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, realizada em Viena, o Papa sustentou que “as armas nucleares são uma responsabilidade custosa e perigosa”, observando que “representam um multiplicador de risco que fornece apenas uma ilusão de uma espécie de paz”.

Francisco renovou nesta terça-feira (21) suas críticas à posse de armas nucleares, que ele descreveu como “imorais”, e alertou que as ameaças de usá-las podem levar a uma “chantagem”, que ele chamou de “repugnante às consciências”.

“As armas nucleares são um passivo caro e perigoso. Representam um multiplicador de risco que proporciona apenas uma ilusão de uma espécie de paz”, disse o pontífice na mensagem.
“Aqui, desejo reafirmar que o uso de armas de energia nuclear, assim como sua mera posse, é imoral “, acrescentou Francisco no texto lido pelo “chanceler” do Vaticano.
Além disso, a posse de armas atômicas leva facilmente à ameaça de seu uso: torna-se assim “uma espécie de ‘chantagem'”, diz o Papa, “que deveria ser repugnante para as consciências da humanidade”.

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Um “equilíbrio do terror”
Ao mesmo tempo, alertou, não podemos ignorar “a precariedade que deriva da simples manutenção dessas armas: o risco de acidentes, involuntários ou não, que podem levar a cenários muito preocupantes”. Nesse sentido, a energia nuclear pode bem ser definida como um “multiplicador de risco” que “só dá a ilusão de um tipo de paz”.

Papa Francisco usa cocar dado de presente pelos bispos das regionais Norte e Nordeste do Brasil, ontem, no Vaticano.

Tentar defender e garantir a estabilidade e a paz por meio de uma falsa sensação de segurança e de um “equilíbrio do terror”, sustentado por uma mentalidade de medo e desconfiança, acaba inevitavelmente por envenenar as relações entre os povos e dificultar toda forma possível de diálogo real.

Cooperar para banir a guerra
O Papa convidou a todos, cada um com seu papel ou status, a cooperar “sinceramente” no esforço de “banir o medo e a expectativa ansiosa da guerra das mentes dos homens”. A responsabilidade é “a nível público, como Estados membros da mesma família de nações”, mas também “a nível pessoal, como indivíduos e membros da mesma família humana e como pessoas de boa vontade”.

Por fim, fez uma reflexão final sobre os tratados de desarmamento existentes que “são mais do que simples obrigações legais”:

A adesão e o respeito dos acordos internacionais de desarmamento e do direito internacional não são uma forma de fraqueza. Pelo contrário, é fonte de força e responsabilidade, pois aumenta a confiança e a estabilidade.

Foto: Vatican Media

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