A Câmara Municipal de Ouro Preto realizou, na noite da última quarta-feira (11), a última solenidade de 2019. Durante o evento, Maria Francelina Silami Ibrahim Drummond, Helenice de Oliveira, Yára Mattos e Suzana João foram homenageadas com a Comenda Beatriz Brandão. Criada em 2005, a Comenda tem o objetivo de reconhecer pessoas e entidades que prestam trabalhos relevantes nas áreas de educação e artes, notadamente no tocante aos direitos da mulher.
A professora Yára Matos destacou a importância desse reconhecimento. “Fiquei muito orgulhosa em receber a comenda, feminina, nessa área que a gente já milita há tantos anos, que é a área da educação, da cultura, do patrimônio, da memória. Não é só o patrimônio oficial, as pessoas enquanto patrimônio, nessa cidade simbólica, o símbolo da cultura brasileira. Só quando moramos aqui, vivemos aqui, a gente sente a importância da cidade ser simbolicamente ligada à cultura e educação. Se a gente pega a história da educação, vamos esbarrar em Ouro Preto”, disse.
“Essa Comenda vem exatamente trazer a luz, a vida e a obra de Beatriz Brandão para a sociedade contemporânea que pouco sabe a respeito dela. Beatriz é uma das primeiras escritoras brasileiras a publicar, sua primeira publicação em livro foi em 1856. Ela é uma escritora de vanguarda, que segue os modelos dos neoclássicos, mas já aponta para a escola pré-romântica. Foi uma mulher que teve uma história de vanguarda em Ouro Preto. Foi uma grande intelectual reconhecida pela população na época. Fundou a Escola de moças em Ouro Preto, foi regente do coral da matriz do Pilar. Beatriz Brandão teve uma atuação na sociedade muito representativa”, explicou Cláudia Pereira, pesquisadora da obra de Beatriz Brandão e integrante do Conselho da Medalha.
A solenidade também foi marcada pela entrega da Medalha João Velloso, criada em 2003 com o objetivo de reconhecer pessoas e entidades que se destacam na preservação e recuperação do Patrimônio Cultural e Natural de Ouro Preto. Os homenageados de 2019 foram: Aldo Celso de Araújo, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, Dimas Dario Guedes, Projeto Estação Cultural de Miguel Burnier e Suely Maria Perucci.
Marco Antônio de Almeida, que representou o Projeto Estação Cultura de Miguei Burnier, destacou que é “muito importante para o projeto e para o distrito de Miguel Burnier poder ser representado na Câmara, recebendo essa medalha João Velloso que tem tanta importância para Ouro Preto. Fizemos questão de trazer a equipe do projeto porque é um prêmio não só da nossa coordenação, mas de todos que estão por trás, exercendo e se esforçando para que se mantenha viva a cultura e o patrimônio do distrito de Miguel Burnier”.
O presidente da Câmara, vereador Juliano Ferreira (MDB), explicou a importância de reconhecer o trabalho de pessoas e personalidades por meio das homenagens realizadas pela Casa. “Constantemente estamos fazendo essas homenagens porque é importantíssimo valorizar as pessoas que trabalham pela nossa cultura e pelo nosso patrimônio. Até porque a gente sabe que Ouro Preto respira cultura e patrimônio e, muitas dessas pessoas aqui tem o seu ganha pão justamente do patrimônio que foi construído através da cultura como um pilar sustentador de tudo isso e construído ao longo do tempo. A gente sabe que Ouro Preto tem uma cultura muito plural porque vêm pessoas de todas as partes e, às vezes, até acabam se estabelecendo aqui. Temos um Festival de Inverno, temos vários festivais musicais, o nosso Carnaval é um dos mais famosos do Brasil. Então tudo isso engloba essa questão da valorização do nosso patrimônio e da nossa cultura. E as pessoas que ajudam a manter a nossa cultura e o nosso patrimônio edificado vivos têm que ser valorizadas até para que as gerações futuras as tenham como exemplo e deem continuidade a esse trabalho que é tão importante para a nossa cidade”.