Petrobras conclui venda de refinaria do Amazonas a um mês do fim do governo Bolsonaro

Estatal se desfez de unidade que abastece região Norte do país, que deve sofrer com aumento de preços de combustíveis

Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus, foi vendida pela Petrobras para a empresa Atem
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A Petrobras concluiu na quarta-feira (30) a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), localizada em Manaus (AM). A transação ocorre faltando pouco mais de um mês para o fim do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e contraria recomendações da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu paralisar o processo de privatização da Petrobras acelerado durante o governo de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro.

A Reman foi vendida para uma subsidiária da empresa Atem’s Distribuidora de Petróleo S.A. (Atem). O negócio envolveu 257,2 milhões de dólares –cerca de R$ 1,3 bilhão.

A refinaria pode produzir 46 mil barris de combustível por dia. Grande parte desses produtos são consumidos no Amazonas e estados vizinhos.

A Reman é a única grande refinaria da região. Por isso, segundo o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo (OSP), sua venda dá a Atem o monopólio regional de fornecimento de combustível.

Isso, segundo Dantas, tende a elevar os preços da gasolina e diesel consumidos pela população. Algo parecido já ocorreu após a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, no final do ano passado.

Após a venda da Rlam, a Bahia passou a ter um dos combustíveis mais caros do país. “Com a Reman e a Rlam privadas, essas regiões [Amazonas e Bahia] irão pagar mais caro por combustível”, afirmou Dantas.

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), também criticou a venda da Reman. “O closing [fechamento da venda] da Reman tinha que ser suspenso. É um absurdo concluir essa operação de forma açodada, no apagar das luzes de um governo especialista em vender o patrimônio público a preço de banana”, reclamou.

A Petrobras informou que o processo de venda da Reman foi lançado em junho de 2019 e em agosto de 2021 o contrato de venda da refinaria foi assinado em 2021. “Todo o processo levou mais de três anos para ser concluído e seguiu rigorosamente a Sistemática de Desinvestimentos da companhia, tendo sido aprovado em todas as instâncias da governança corporativa da Petrobras”, acrescentou.

A estatal destacou ainda que a venda integra o compromisso firmado durante o governo Bolsonaro pela Petrobras com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a abertura do setor de refino no Brasil.

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