A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta segunda-feira (1º) um mandado de prisão temporária contra o procurador do estado Renan Saad, suspeito de receber mais de R$ 1 milhão em propina para dar parecer de interesse do Consórcio Rio Barra, responsável pela obra da Linha 4 do metrô da Rio de Janeiro.
Diferente do procurador de Justiça, que é vinculado ao Ministério Público estadual, o procurador do estado é uma carreira da Procuradoria-Geral do Estado (PGE-RJ), que é vinculada ao gabinete do governador. A PGE-RJ é responsável pela advocacia do estado. Entre suas atribuições, ela deve representar o estado em audiências judiciais e prestar consultoria jurídica ao poder executivo.
De acordo com as investigações, Saad assinou parecer que avalizou um novo traçado da Linha 4 do metrô. Segundo a PF, a alteração “beneficiaria a organização criminosa vinculada ao ex-governador Sérgio Cabral”, condenado pela Lava-jato a mais de 197 anos de prisão.
O projeto da Linha 4 é antigo, mas só saiu do papel com a escolha da cidade para receber os Jogos Olímpicos de 2016. Em 1998, a proposta original orçada em cerca de R$ 880 milhões foi licitada e vencida pelo Consórcio Rio Barra. Na primeira versão, a linha se originaria no bairro de Botafogo e passaria ainda por Jardim Botânico e Humaitá.
O traçado construído teve Ipanema como ponto de partida, seguindo pelo Leblon em direção à Barra da Tijuca. Investigações do Ministério Público Federal (MPF) apontam que a mudança encareceu a obra em mais de 11 vezes. Inaugurada em julho de 2016, a Linha 4 teria custado aos cofres públicos R$ 9,6 bilhões.
Segundo o MPF, Saad recebeu R$ 1,265 milhão da Odebrecht, uma das construtoras que integraram o Consórcio Rio Barra. Um executivo da empreiteira informou que ele era registrado com o codinome Gordinho no sistema Drousys, que era usado para as comunicações internas relacionadas às propinas. A Justiça também determinou a realização.
O consórcio Rio Barra era liderado pela empreiteira Queiroz Galvão.
*com informações da ABr