Por Sérgio Neves*
Na última quarta-feira (17), o Ministério da Educação anunciou o Projeto denominado “Future-se”, para “reestruturar o financiamento do ensino superior público no Brasil”. Com este novo modelo de financiamento, as universidades federais passarão a buscar recursos financeiros junto às empresas privadas.
As instituições poderão fazer parcerias público-privadas (PPP’s), ceder prédios, criar fundos com doações e até vender nomes de campi e edifícios, da forma como ocorre nos estádios de futebol.
Segundo informações que temos até o momento, a adesão ao “Future-se” será obrigatória e, sendo assim, entendemos que as universidades deixarão de cumprir com êxito suas funções de ensino, pesquisa e extensão para se dedicarem à captação de recursos. Grosso modo, ficarão à mercê do mercado.
Dessa forma, os objetivos reais das IFEs deixarão de ser acadêmicos e científicos. O uso público da razão estará em risco, pois a produção de saber não estará mais a serviço do país e do povo brasileiro e sim de empresas privadas que nortearão a ciência conforme seus objetivos financeiros. A extensão universitária poderá ter fins meramente econômicos, ou seja, a cultura e conhecimento poderão ser tratados como mercadorias descartáveis. Além disso, as universidades poderão ser simples fantoches da iniciativa privada, perdendo assim sua autonomia para definir seus próprios passos. Evidentemente, a terceirização das atividades virá com ainda mais força e concursos públicos para contratação de TAEs e docentes serão extintos de vez. A precarização absoluta da força de trabalho virá pela porta da frente, patrocinada por bancos, por exemplo.
A FASUBRA se reuniu nessa terça-feira (16) com outras entidades nacionais do setor da educação ( UNE, UBES, Sinasefe, ANPG, Andes-SN, PROIFES), para definir as próximas ações contra os ataques do governo, em especial este projeto “Future-se”. Uma nova reunião está marcada para esta sexta-feira, dia 19, para avaliar o projeto do MEC definir um calendário de lutas conjuntas de enfrentamento.
A direção do Sindicato ASSUFOP está acompanhando atentamente o episódio, estudando o projeto, buscando entendê-lo. Vamos fortalecer a articulação com o DCE/UFOP, ADUFOP e SINASEFE/IFMG. Com unidade e coragem conseguiremos mobilizar nossas bases – como fizemos nos últimos meses – para aliarmos ao movimento nacional e trazer a sociedade para a luta em defesa do ensino público gratuito e de qualidade.
Além disto, iremos nos reunir muito em breve com a Reitoria da UFOP para discutir e entender os detalhes do nefasto projeto e cobrar um posicionamento da administração. É necessário que a UFOP faça parte da resiliência, da resistência a estes ataques e que a mesma busque junto a ANDIFES uma defesa concreta do caráter público das universidades. O ASSUFOP está planejando um profundo debate para a comunidade sobre a questão, com especialistas na área, para traçar objetivos e novas estratégias de luta.
Precisamos, portanto, estar ainda mais firmes e unidos, pois está mais claro que o objetivo deste desgoverno é a destruição total do ensino público e, assim, entregá-lo de bandeja ao capital financeiro. Capital este que não mede esforços para aumentar a vulgar desigualdade social brasileira; destruir direitos históricos dos trabalhadores e condicionar o povo brasileiro a viver como serviçais de uma elite nacional atrasada, intocável e escravocrata.
(*) Sérgio Neves é Presidente do Sindicato ASSUFOP