O Movimento Negro de Mariana realizou entre os dias 15 a 20 de novembro, a Semana da consciência Negra, que contou com ações remotas de promoção da cultura antirracista na cidade de Mariana. Por meio de compartilhamento de conteúdo informativo e educativos acerca das relações raciais, dando visibilidade as vozes negras na literatura, na música, as culturas tradicionais da cidade, bem como as especificidades que tocam as mulheres negras no mercado de trabalho, e aspectos da saúde mental.
A semana foi escolhida em observação a Lei municipal nº 2.302 de 20 de outubro de 2009, proposta pela primeira vereadora negra da cidade Mariana, Aída Anacleto. Segundo o coletivo apesar do tempo de aprovação encontra dificuldade para ser cumprida pelo poder executivo.
Para encerrar as atividades da semana, no dia nacional da consciência negra, data que rememora a figura do herói nacional Zumbi dos Palmares, foi realizado uma reunião presencial do coletivo, no teatro Municipal de Mariana que contou com apoio da Secretaria Municipal de cultura e Patrimônio. De acordo com Natanael Marques retomar os encontros presenciais depois de quase dois anos de reuniões online trouxe energia para o grupo, “o encontro possibilitou compartilhamento de experiências e afetos, pudemos também projetar futuras ações e nos conhecer melhor. E por fim ficou aquele gosto de querer fazer mais no próximo ano, contando com mais pessoas e coletivos, e principalmente com a Prefeitura que apesar do apoio, sabemos que é pouco ainda pelo que almejamos e merecemos por direito. Pois o vejo o MNM como uma junção de pequenos movimentos importantes que sempre rolou em nossa cidade, e nosso objetivo é fazer essas conexões que sempre agregam para assim vivermos em uma Mariana melhor e mais justa”.
Segundo a atual presidenta do Conselho de Promoção da Igualdade Racial -COMPIR, a Aída Anacleto, outras ações foram desenvolvidas na comunidade marianense, contado com apoio do COMPIR, como Palestras e Oficina de Turbantes na Escola Estadual João Ramos Filho, bairro Cabanas.
O Centro de Atenção Psicossocial infanto-juvenil –CAPSij, serviço do SUS de referência à saúde mental de crianças e adolescentes em sofrimento mental, também desenvolveu atividades de reflexão sobre o tema e valorização da cultura negra, contato com oficinas de literaturas negra marianense, personalidades negras, contação de história, atividades articuladas pelas trabalhadoras da unidade.
“Enquanto trabalhadora do SUS, hoje atuando na coordenação do CAPSIJ, nossa equipe tem buscado modos de ampliar o modo como abordamos os efeitos do racismo, além de desigualdades sociais, ele também produz sofrimentos. As vulnerabilidades em saúde mental já vêm sendo analisadas, sob o ponto de vista racial, como aponta o Boletim epidemiológico de setembro de 2019, entre os anos de 2011 a 2018, foi identificado que o perfil mais vulnerável a óbito por autoextermínio no Brasil, entre jovens 15 a 29 anos, é o jovem negro, com 4 a 11 anos de estudo. Sinalizando para a necessidade de tratarmos do racismo institucional nas políticas públicas, e considerarmos o pertencimento racial, um fator de proteção à saúde mental, como meio de reduzir os danos da sistêmica inferiorização e desumanização que está ideologia produz dos não brancos.” (Referência Técnica do CAPSIJ – Adelina Nunes)