Rompimento de Fundão: Mineradora BHP será julgada no Reino Unido, decide tribunal de apelação

Mais de 200 mil vítimas do pior desastre ambiental da história brasileira terão o seu caso analisado em um tribunal do Reino Unido.

Empresa tinha sede em Londres à época do rompimento da barragem e é sócia da Vale no empreendimento da Samarco.
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No que se tornou a maior ação coletiva da história jurídica inglesa, milhares de pessoas estão processando a mineradora anglo-australiana BHP por seu envolvimento no rompimento da barragem de Mariana, no ano de 2015.
O rompimento da barragem de Fundão em Mariana liberou resíduos tóxicos de mineração em 640 quilômetros de hidrovias ao longo do Rio Doce. Os requerentes, escreve o jornal The Guardian, estão buscando pelo menos US$ 6 bilhões (R$ 31,5 bilhões) em compensação.
O tribunal de apelação divulgou um julgamento de 107 páginas nesta sexta-feira (8) determinando que a BHP, que tinha sua sede em Londres no momento do rompimento da barragem, teria que responder por seu papel no desastre.
Quando a barragem de rejeitos de Fundão rompeu, foram liberados 40 milhões de metros cúbicos de resíduos tóxicos de mineração, matando 19 pessoas, soterrando aldeias, deixando milhares de desabrigados e afetando a subsistência de centenas de milhares.
Os reclamantes, incluindo representantes das comunidades indígenas Krenak, incluem 530 empresas, 25 municípios e seis organizações religiosas.
O processo começou na Inglaterra em 2018. Em julho do ano passado, ele foi reaberto depois que uma decisão anterior do tribunal superior negou a jurisdição dos tribunais ingleses para julgar o caso.

Representantes do escritório de advocacia que defendem os municípios atingidos, falam durante encontro em Rio Casca, no início do ano, em reunião do Fórum dos prefeitos da Bacia do Rio Doce. À época, mostraram-se confiantes no sucesso da ação.


O tribunal de apelação reexaminou a decisão durante uma audiência de cinco dias em abril deste ano, divulgando seu veredicto ontem (8).
Após os acontecimentos, a BHP, juntamente com a mineradora Vale, e a Samarco, a joint venture responsável pela gestão da barragem de rejeitos de Fundão, criaram a Fundação Renova, que visa compensar pessoas físicas e algumas pequenas empresas por perdas e danos, bem como mitigar os impactos ambientais do rompimento, que atingiu toda a bacia do rio Doce até sua foz, no Espírito Santo.

Foto: Revista da Mineração e Mundo dos Inconfidentes.

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