O chefe dos negociadores de Moscou sustentou nesta quarta-feira (16) que o governo de Kiev aceitaria um status semelhante ao da Áustria ou da Suécia, mas com seu próprio Exército e Marinha. No entanto, o representante ucraniano negou essa possibilidade.
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, as conversas com a Ucrânia sobre a invasão russa estão se tornando mais “profissionais” e agora estão focadas na exigência de Moscou de que Kiev adote o status de país neutro , antes de uma nova rodada de negociações.
O negociador-chefe da Rússia em conversas com a Ucrânia disse que os lados estão discutindo um possível compromisso sob o qual Kiev terá forças armadas menores no futuro, não alinhadas com a Otan ou Moscou .
“Um status neutro está sendo seriamente discutido em relação às garantias de segurança”, disse o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em entrevista ao canal russo RBK TV.
“Existem formulações concretas que, na minha opinião, estão próximas de serem acordadas”, continuou.
Embora não tenha dado mais detalhes, ele disse que um “espírito profissional” está começando a emergir nas negociações que “aumentam a esperança de que possamos chegar a um acordo sobre essas questões”.
O porta-voz de Putin também disse que a neutralidade da Ucrânia baseada no modelo sueco ou austríaco estava no centro das negociações.
“Na verdade, é a opção que está sendo negociada no momento e que pode ser considerada um compromisso”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, sem dar mais detalhes.
“A Ucrânia propõe a opção de um estado neutro semelhante ao da Áustria ou da Suécia, mas um estado que tenha seu próprio exército e marinha “, disse Medinski, assessor do presidente Vladimir Putin.
No entanto, o principal negociador da Ucrânia, Mikhail Podoliak, negou que seu país adote o modelo austríaco ou sueco , dizendo que precisa de aliados e “garantias de segurança claramente definidas”.
“A Ucrânia está em guerra direta com a Rússia. Então o modelo só pode ser ‘ucraniano ‘”, disse Podoliak, que é conselheiro de Zelensky.
“Os signatários dessas garantias (de segurança que Kiev exige) não podem ficar à margem no caso de um ataque contra a Ucrânia como acontece hoje”, mas devem “participar ativamente do conflito do lado ucraniano” e dar-lhe armas, ele adicionou.
Medinski disse que questões sobre neutralidade, tamanho e natureza das forças armadas ucranianas estão sendo discutidas nos ministérios da defesa de ambos os países.
Ele acrescentou que uma questão-chave é o status da Crimeia, a península ucraniana do sul que a Rússia anexou em 2014, e a região leste de Donbass, regiôes que a Ucrânia considera partes de seu território.
Negociadores russos e ucranianos foram programados para um terceiro dia consecutivo de conversas por videoconferência na quarta-feira.
A rodada de diálogo é a quarta desde o início da invasão russa e a primeira por videoconferência.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse ontem que as negociações continuam e que as exigências da Rússia para encerrar seu ataque estão se tornando “mais realistas ” .
A Rússia exige garantias escritas de que a Ucrânia se desmilitarizará e adotará o status de país neutro; que garante que não ingressará na OTAN e, portanto, não cairá na órbita militar dos Estados Unidos ou de Moscou.
Foto: sputnik
